Revolução Industrial (1 de 5): Artesanato, Manufatura e Indústria


A revolução industrial vai alterar drasticamente a relação dos homens com o seu trabalho, a forma de se produzir as mercadorias, incorporando-se uma nova disciplina em relação aos espaços públicos e privados e em relação à própria temporalidade. 



Para que possamos entender essas alterações devemos ter em perspectiva o contexto inglês e europeu do final do século XVIII. Por volta de 1780, o mundo ainda era essencialmente rural, os portos continuavam sendo a principal saída para o mundo, que era pequeno em se tratando de possibilidades de deslocamentos e gigante em territórios desconhecidos.


Nas cidades ainda predominava a produção de mercadorias através do artesanato ou da manufatura, geralmente para um mercado local ou colonial. 

Na produção artesanal, todas as etapas de produção são realizadas na maioria das vezes por uma única pessoa. O artesão até poderia ter auxiliares, mas ele conhecia todas as etapas para a confecção do produto, era dono das ferramentas e tinha acesso ás matérias primas necessárias, ou seja, ele detinha os meios necessários e o conhecimento em relação a todas as etapas de produção. Além disso, antes das transformações introduzidas pela Revolução Industrial, era o artesão quem decidia quantas horas trabalharia por dia, isto é, era ele quem controlava o tempo e a intensidade do trabalho. 

Contudo, essa situação se alteraria no decurso da Revolução Industrial, onde as capitalistas e industriais fariam uso de um sistema de produção que já estava sendo utilizado e que é característico da transição do feudalismo para o capitalismo: a manufatura. 

Na manufatura, o capitalista reúne um numeroso contingente de trabalhadores em um espaço comum, uma oficina. Apesar de o trabalho ser essencialmente manual, cada um dos artesãos realizava uma etapa da produção da mercadoria: a divisão técnica do trabalho. O artesão já não era responsável pelo produto do seu trabalho, ao contrário, recebia um determinado salário pelo seu tempo de dedicação ou por sua produtividade. A manufatura tinha como objetivo a potencialização dos lucros, mas, ao mesmo tempo, o controle rígido dos trabalhadores. 

O modelo da manufatura será propício ao capitalismo industrial que vai se desenvolver especialmente na Inglaterra a partir da década de 1780. A partir da manufatura, com a introdução das máquinas e a objetividade suprema do lucro, o capitalista fomentará a fábrica. 

Abaixo uma cartoon que ilustra com precisão o princípio da divisão técnica do trabalho, defendido por Adam Smith. Na sequência temos abaixo uma ilustração que representa uma manufatura de algodão.


Imago História

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