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Por mais de 300 anos boa parte das terras colônias na América permaneceram sob domínio dos espanhóis. Durante esse longo período foi desenvolvido um modelo de colonização predatória, pautada pelo “Pacto Colonial”, que impedia o desenvolvimento econômico colonial. Contudo, no início do século XIX as colônias hispano-americanas vão conquistar gradativamente a sua independência. Vamos analisar brevemente alguns motivos que favoreceram o processo de emancipação:
O avanço da Revolução Industrial na Inglaterra. Durante séculos a relação entre a metrópole e a colônia foi pautada pelo exclusivismo comercial, ou seja, somente a Espanha poderia vender mercadorias e comprar matérias-primas de sua colônia. Contudo, a prática do monopólio comercial era amplamente desfavorável aos interesses ingleses e ao avanço da Revolução Industrial, na medida em que restringia as relações comerciais, onerava os produtos e impedia a livre circulação das mercadorias industrializadas na Inglaterra. Esse fator explica o interesse da Inglaterra na independência das colônias espanholas, ou seja, o rompimento do pacto colonial possibilitaria o estabelecimento do livre comércio e do desenvolvimento do capitalismo industrial.
A rivalidade entre os criollos e os chapetones. Na colonização da América espanhola se desenvolveu uma hierarquia social baseada em critérios étnicos e geográficos. Nessa hierarquia, os peninsulares ou espanhóis brancos, chamados depreciativamente de chapetones ocupavam o topo e ocupavam as principais funções e cargos político-administrativos da colônia. Abaixo dos chapetones estavam os criollos, que eram os descendentes de espanhóis nascidos na América, e que apesar de consistirem enquanto europeus de raça e cultura e formarem uma elite local de grandes proprietários e comerciantes, eram estigmatizados, ou seja, eram considerados inferiores, por não serem genuinamente europeus e não podiam ocupar os altos cargos da administração colonial.
Cabe ressaltar que os criollos foram fundamentais para a manutenção do “Pacto Colonial”, contudo, o seu gradativo fortalecimento enquanto uma elite local rica e poderosa, além do grande desagrado e rivalidade em relação aos chapetones fez com que se disseminasse entre essa elite a idéia da ruptura em relação à Espanha.
Influência dos ideais iluministas e da independência dos Estados Unidos. Mesmo sendo proibidos na colônia, os escritos dos iluministas alcançaram um grande público na América espanhola, em especial os princípios acerca da liberdade econômica e individual. Ao mesmo tempo, a independência dos EUA serviu como exemplo para o processo de emancipação da América espanhola.
A expansão napoleônica. A expansão de Napoleão mudou as relações de poder na Europa. A não aceitação por parte da Espanha em relação ao Bloqueio Continental, fez com que as tropas francesas invadissem a península ibérica. Em 1807 o rei da Espanha, Fernando VII é deposto e José Bonaparte, irmão de Napoleão assume o trono espanhol. Com as turbulências na Europa, o domínio espanhol no continente americano ficou desestruturado. Num primeiro momento a elite colonial criticava a dominação dos franceses, mas brevemente perceberam a possibilidade de utilizar o momento para questionar mais amplamente o sistema colonial.
Sem a intensa dominação da metrópole, os colonos (peninsulares e criollos) trataram de se organizar em Juntas Governamentais, órgãos que adotavam posições autonomistas e tendiam a praticar o autogoverno. Quando as autoridades da Espanha tentam controlar os ânimos emancipatórios dos colonos serão exatamente as Juntas que vão depor as autoridades metropolitanas e declarar total rejeição ao domínio espanhol.
A rivalidade entre os criollos e os chapetones. Na colonização da América espanhola se desenvolveu uma hierarquia social baseada em critérios étnicos e geográficos. Nessa hierarquia, os peninsulares ou espanhóis brancos, chamados depreciativamente de chapetones ocupavam o topo e ocupavam as principais funções e cargos político-administrativos da colônia. Abaixo dos chapetones estavam os criollos, que eram os descendentes de espanhóis nascidos na América, e que apesar de consistirem enquanto europeus de raça e cultura e formarem uma elite local de grandes proprietários e comerciantes, eram estigmatizados, ou seja, eram considerados inferiores, por não serem genuinamente europeus e não podiam ocupar os altos cargos da administração colonial.
Cabe ressaltar que os criollos foram fundamentais para a manutenção do “Pacto Colonial”, contudo, o seu gradativo fortalecimento enquanto uma elite local rica e poderosa, além do grande desagrado e rivalidade em relação aos chapetones fez com que se disseminasse entre essa elite a idéia da ruptura em relação à Espanha.
Influência dos ideais iluministas e da independência dos Estados Unidos. Mesmo sendo proibidos na colônia, os escritos dos iluministas alcançaram um grande público na América espanhola, em especial os princípios acerca da liberdade econômica e individual. Ao mesmo tempo, a independência dos EUA serviu como exemplo para o processo de emancipação da América espanhola.
A expansão napoleônica. A expansão de Napoleão mudou as relações de poder na Europa. A não aceitação por parte da Espanha em relação ao Bloqueio Continental, fez com que as tropas francesas invadissem a península ibérica. Em 1807 o rei da Espanha, Fernando VII é deposto e José Bonaparte, irmão de Napoleão assume o trono espanhol. Com as turbulências na Europa, o domínio espanhol no continente americano ficou desestruturado. Num primeiro momento a elite colonial criticava a dominação dos franceses, mas brevemente perceberam a possibilidade de utilizar o momento para questionar mais amplamente o sistema colonial.
Sem a intensa dominação da metrópole, os colonos (peninsulares e criollos) trataram de se organizar em Juntas Governamentais, órgãos que adotavam posições autonomistas e tendiam a praticar o autogoverno. Quando as autoridades da Espanha tentam controlar os ânimos emancipatórios dos colonos serão exatamente as Juntas que vão depor as autoridades metropolitanas e declarar total rejeição ao domínio espanhol.
Acima retrato de Simon Bolivar, um dos principais libertadores da América Espanhola.
No espaço de 15 anos, entre 1810 e 1825 o império espanhol na América dissolveu-se. Pode-se dividir esse período em duas fases:
- Entre 1810-16 um período marcado pela violência, onde várias Juntas Governamentais declaram-se independentes, ocasionando a repressão por parte da Espanha que em muitos casos consegue retomar brevemente o controle sobre suas colônias.
- Posteriormente, entre 1817-25, a reorganização dos movimentos emancipatórios e a consolidação da independência.
Para o processo emancipatório foi fundamental o apoio da Inglaterra, que interessada em expandir suas possibilidades de comércio, não apenas apoiou os americanos, mas através da sua supremacia marítima reduziu drasticamente as possibilidades da Espanha enviar tropas para o continente americano.
No contexto das lutas pela emancipação, vários “Libertadores” se destacaram, entre os principais Simon Bolívar e San Martín e Antonio José de Sucre.
José de San Martín
Ajudou a consolidar a independência da Argentina, combatendo os espanhóis atravessando os Andes e contribuindo com a libertação do Chile.
Antonio José de Sucre
Dedicou-se a libertação da Venezuela, Peru, Bolívia e Colômbia.
Simon Bolívar
Bolívar contribuiu para consolidar a independência da Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia. Costuma se atribuir a Bolívar o papel precursor do pan-americanismo, por ocasião de suas idéias em relação à unificação dos territórios da antiga América espanhola na formação da Gran Colombia. Entre os princípios defendidos por Bolívar pode-se destacar:
- Nações livres, sem nenhuma interferência das potências estrangeiras e totalmente independentes, tanto política como economicamente.
- União dos povos, tanto com objetivo de formar blocos, sejam políticos ou econômicos, como para discutir problemas de ordem mundial.
Bolívar sonhava em manter a unidade da América espanhola, onde prevalecesse a união das nações americanas com o suposto objetivo de suportar a agressão e a opressão das grandes potências externas.
Contudo, os sonhos de Bolívar não se realizaram, muito ao contrário, o que se observou foi à fragmentação política da América espanhola. Entre os motivos que contribuíram para essa fragmentação, pode-se destacar:
Contudo, os sonhos de Bolívar não se realizaram, muito ao contrário, o que se observou foi à fragmentação política da América espanhola. Entre os motivos que contribuíram para essa fragmentação, pode-se destacar:
Surgimento de diversas lideranças políticas e militares e as disputas pelo poder entre as oligarquias locais.
A amplidão dos territórios e a longa distância entre os principais núcleos de poder. Além disso, a própria dinâmica da colonização espanhola, vigente por séculos respeitava a máxima “dividir para melhor centralizar”, ou seja, a Espanha procurava desarticular as ligações entre os centros de poder na colônia, reduzindo assim a possibilidade de organização das diferentes regiões da colônia.
O desinteresse dos ingleses em relação à idéia de uma grande nação na América, nos moldes planificados por Bolívar.
As diferenças culturais em se tratando do amplo território que consistia os domínios da Espanha.
San Martin
Simon Bolívar
Representação de Bolivar como um grande libertador.
Se por um lado os estados latino-americanos haviam conseguido a sua emancipação em relação à Espanha e dissolvido o Pacto Colonial – instrumento de exploração da colônia por mais de 300 anos – por outro, a estrutura socioeconômica não sofreu alterações significativas. Se haviam se livrado da dominação espanhola, teriam que arcar com o imperialismo informal por parte da Inglaterra e mais tarde dos Estados Unidos, que ocasionou uma extrema dependência econômica dos países latino-americanos em relação às potências centrais.
Foi visto que as ideias iluministas acerca da liberdade estiveram presentes na independência da América Latina. Essas ideias levaram a adoção do republicanismo na maioria dos países da América. Contudo, apesar das características liberais, como a ideia da res publica, a liberdade e a divisão dos poderes, na prática o que ocorreu foi a absoluta hegemonia das antigas elites criollas.
Com a adoção do voto censitário as camadas populares foram excluídas do processo decisório, o que facilitou a concentração do poder nas mãos dos grandes proprietários. Por outro lado, a elite criolla, agora detentora do poder, continuou discriminando os negros, índios e mestiços. A escravidão, por exemplo, somente foi abolida de imediato em países onde ela tinha um papel econômico irrelevante, notadamente, na Argentina. Por outro lado, os movimentos populares prol liberdade e igualdade foram brutalmente reprimidos.
Foram mantidos, igualmente, os grandes latifúndios, com a sua produção voltada para o mercado externo.
Como foi visto o processo de independência do América Latina aconteceu a partir da iniciativa de várias lideranças locais. Essa ausência de um poder centralizado fez com que surgisse o caudilhismo. Os caudilhos eram líderes de milícias locais que tinham uma personalidade carismática e defendiam programas populistas, de tal forma que conseguiam a adesão de muitas pessoas.
Como o caudilhismo levava em conta os interesses particulares e o culto a personalidade, acabou contribuindo grandemente para a instabilidade na América Latina, na medida em que contribuía para o surgimento de lideranças autoritárias. A partir do caudilhismo, se desenvolveu o militarismo, o contínuo desrespeito à ordem constitucional e os sucessivos golpes militares.
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