Filmes Online - Segunda Guerra Mundial - Círculo de Fogo (2001)


É evidente que a grande sacada de Círculo de Fogo é o tratamento da temática que diz respeito à Segunda Guerra Mundial a partir dos conflitos travados no front oriental, ou mais especificamente na cidade de Stalingrado. A batalha pela cidade é considerada uma das mais sangrentas da história, causando a morte de nada menos de 1,5 milhões de pessoas, refletindo o imenso esforço da Alemanha e dos Russos no combate.



O excelente diretor Jean-Jacques Annaud faz questão de acentuar esse esforço – em especial dos russos – mostrando que a população civil estava impedida de deixar a cidade e, por outro lado, expondo a disciplina soviética que incitava os camaradas ao combate, através do lema “nem um passo atrás”, mesmo que isso representasse a morte certa. Para se ter uma ideia a expectativa de vida dos praças recém-chegados ao aos combates era de menos de 24 horas. É o que Annaud precisava para introduzir a temática da propaganda e os dois personagens principais.



Diga-se de passagem, de fato, os franco-atiradores soviéticos tornaram-se símbolo da resistência russa, fazendo história na Batalha por Stalingrado. As ruínas possibilitavam sua atuação, causando grandes baixas entre as patentes alemãs. O mais famoso desses atiradores foi Vasily Zaitsev, que segundo dados dos soviéticos teria acumulado 242 mortes somente durante a batalha por Stalingrado e mais de 400 durante a guerra. Zaitsev sobreviveu à guerra, tornou-se herói nacional, trabalhou em uma fábrica (que era o seu sonho) e morreu em 1991.


Mais interessante é a temática sobre a persuasão através da propaganda. Expediente usado pelos seres humanos a milhares de anos, a propaganda foi utilizada amplamente na Segunda Guerra Mundial, por todos os beligerantes e com finalidades diversas. Conhece-se o papel didático que a arte e a propaganda encontraram no nazismo, em especial aliada e eugenia e com a finalidade de macular os judeus e minorias desprezadas. Na Rússia, Stalin também se utilizou de estratégias persuasivas com a finalidade de manutenção e potencialização de seu poder pessoal, em um verdadeiro “culto à sua personalidade”. Igualmente, no combate por Stalingrado, o heroísmo de alguns combatentes acrescentados à necessidade de fidelidade absoluta ao regime e aos “ideais comunistas”, bem como à irracionalidade da guerra, poderia levar os soldados a uma superação necessária e compulsória.

Outra boa sacada do filme é a inclusão do camarada Khrushchov que se tornaria secretário-geral do partido comunista (é efetivamente quem exerce o poder na Rússia comunista) com a morte de Stalin em 1953, exercendo o poder até 1964. Khrushchov foi responsável pelo famoso “discurso secreto” realizado em 1956 onde denunciou ao mundo as barbáries cometidas pelo regime de Stalin.

Outro ponto que merece ser destacado é a relação que o diretor constrói entre Zaitsev e o personagem de Ed Harris (o imbatível atirador da Alemanha). Algumas associações são evidentes e propositais. O alemão aparece sempre impecável, arrogante, inteligente, representando ele próprio o que o diretor entende por uma Alemanha no auge de seu expansionismo e poder bélico. O caçador russo incorpora nobres qualidades: humilde, corajoso, predestinado, nacionalista. Como diria o personagem de Joseph Fiennes (sempre insuficiente em suas atuações) a luta dos dois atiradores representa também a luta de classes. Mas seria esse o recado final de Annaud?

Creio que não. Duas passagens ilustram a curva que Annaud vai fazer em relação ao conceito de luta de classes – a partir das premissas de Marx. A primeira é através do atirador que havia treinado na Alemanha, e que representa no filme toda a brutalidade que um regime pode ter, mesmo sendo ideologicamente comunista, ou como ele diz: não se iludam. A segunda passagem da o desfecho do filme: antes de revelar a posição do atirador alemão, o personagem de Fiennes declara que por mais que queiram uma sociedade de iguais sempre existirá algo para se invejar. Essa intersecção fundamental para o filme justifica a presença da dispensável Rachel Weisz e mostra uma das grandes discussões filosóficas de todos os tempos em relação ao que se convém chamar de natureza humana e suas predisposições e desejos; ou seja, é possível uma sociedade onde as pessoas vivessem em “Harmonia”, em uma verdadeira “Utopia”, ou quem sabe ainda em uma “Nova Atlântida”? Ao fim e ao cabo o tiro na cabeça de Fiennes pode representar a morte inútil de milhares de seres humanos e teleologicamente a derrocada do próprio regime comunista. 



Abaixo cenas do filme Círculo de Fogo.

Postar um comentário

3 Comentários

  1. OI PROFº....ADORO ESTE FILME...EU SOU SUSPEITA DE FALAR BEM DELE..HAHAH...ADORO TODOS OS FILMES DE guerra!!...INFELIZMENTA Ñ ESTAMOS TENDO AULA POR CAUSA DO VIRUS H1N1...MAS ESPERO Q AS AULAS VOLTEM LOGO...ABRAÇO.

    ResponderExcluir
  2. AHHH ESQUECI DE COLOCAR MEU NOME...SOU A ISABEL DO 1ºE DO LAMENHA LINS

    ResponderExcluir
  3. Quero assistir de novo o filme completo dublado muito bom mesmo

    ResponderExcluir