Iluminismo (3 de 3) - Os fisiocratas e Adam Smith

Da mesma forma que no campo político e religioso, no campo econômico o iluminismo exerceu grande influência, questionando incisivamente as chamadas práticas mercantilistas do estado absolutista, onde a economia era gerida pela monarquia, inclusive através de inúmeros monopólios, prevalecimento de determinadas companhias e acumulação de capitais. O que os iluministas queriam era exatamente a liberdade no campo econômico, ou seja, a não interferência da monarquia na economia, uma vez que acreditavam que existiam leis naturais responsáveis pela regulação das atividades econômicas. Defendiam, pois: 



  • A liberdade de mercado, 
  • A livre concorrência, 
  • A liberdade na estipulação dos contratos entre o capital (empregador) e o trabalhador, sem levar em conta as antigas corporações de ofício, que procuravam proteger os trabalhadores de determinado segmento (por exemplo, sapateiros). 

Os primeiros pensadores que atuavam no campo da economia e passaram a questionar o mercantilismo defendendo a ideia da autorregulação das atividades econômicas ficaram conhecidos como fisiocratas. A palavra fisiocracia da deriva do grego, que significa “governo da natureza”. Realmente os fisiocratas acreditavam que todas as fontes de riqueza provinham da terra, sejam elas as atividades agrícolas ou mineradoras. E as indústrias e o comércio? Para os fisiocratas, diziam respeito a atividades complementares, mas que não geravam riquezas uma vez que a indústria transforma a matéria-prima e a comercio proporciona a circulação da mercadoria. 

Na trilha dos fisiocratas surgiria um dos grandes economistas do século XVIII, Adam Smith. Em 1776 Smith publicou o seu mais famoso livro “A riqueza das nações”, onde tal quais os fisiocratas criticava o mercantilismo, e defendia o liberalismo na economia, por exemplo, com a teoria da oferta e da procura, onde sugeria a existência de uma “mão invisível” do mercado, que seria responsável por uma autorregulação das atividades produtivas. Assim se existe um produto em abundância a tendência e do preço baixar e se outro produto e raro e difícil de encontrar os indivíduos concordará em pagar um preço maior. A mão do mercado faria o papel de redirecionar as forças produtivas de acordo com as necessidades da população, e a concorrência entre os produtores seria benéfica para toda a sociedade. 

Mas ao contrário dos fisiocratas, Adam Smith, defendia a ideia de que não era a terra a principal fonte de riqueza, mas sim, o trabalho. Assim, para Adam Smith o trabalho seria responsável pela geração de riqueza. Mas esse trabalho deveria obedecer à regra da especialização, ou seja, cada um executando uma etapa da produção da mercadoria. . Por essa divisão, as operações de produção de um bem, que antes eram executadas por um único homem (artesão), são agora decompostas e executadas por diversos trabalhadores, que se especializam em tarefas específicas e complementares. 

Executando apenas uma operação esse trabalhador adquiriria destreza nessa operação, levando à redução do tempo para a produção da mercadoria, e consequentemente ao aumento da produtividade. Maior produtividade significa lucro maior. O que estava em jogo era o fim da autonomia do trabalho artesanal e a reunião e domesticação dos trabalhadores na fábrica. A divisão do trabalho defendida por Adam Smith teria a função de destruir o saber fazer do artesão. 

Para que essa sociedade voltada para o trabalho se viabilizasse, houve necessidade de construir um corpo disciplinar que envolvesse todos os indivíduos dentro e fora da fábrica. A ordem burguesa da produtividade tornava se a regra que deveria gerir todas as instâncias do social. Para isso, instituiu se um discurso moralizante que visava cristalizar no conjunto da sociedade a ética do tempo útil. 

O tempo útil do trabalho produtivo deveria funcionar como um "relógio moral" que cada indivíduo levaria dentro de si. O uso do tempo que não de forma útil e produtiva, conforme o ritmo imposto pela fábrica passou a ser sinônimo de preguiça e degeneração. Só o trabalho produtivo, fundado na máxima utilização do tempo dignificava o homem.

Adam Smith

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