Stálin perseguiu Trotsky, forçando-o a se isolar no México em 1929, onde foi assassinado em 1940. Durante a década de 1930 afastou todos os potenciais opositores, julgando, condenando, executando e exilando seus supostos inimigos na Sibéria, o que ficou conhecido como “expurgos de Moscou”. Milhares de pessoas foram encaminhadas para os campos de trabalho forçado, as Gulags (Glavnoe Upravlenie Lagerei, ou "Administração Central dos Campos"). Tratava-se de uma rede de campos de prisioneiros, onde condenados por crimes contra o Estado eram isolados e submetidos a trabalhos forçados.
“Os presos chegavam famintos e fracos após até três meses de viagem amontoados em vagões de gado e, depois, em porões de navios cargueiros. Ficavam dias sem água ou comida. À noite, mulheres eram atacadas pelo “bonde de Kolyma”, estupradores que subornavam guardas para entrar nos porões femininos, contam sobreviventes no livro Gulag. Muitos zeks morriam no trajeto.
O dia começava antes das 3h30. Um toque de sirene tirava os presos dos beliches coletivos – antes do trabalho, eles tomavam kasha (mingau de trigo). A quantidade de comida do dia dependia do cumprimento da meta de trabalho. Quem atingia a difícil cota ganhava 550 g de pão, 75 g de trigo ou macarrão, 15 g de carne e 500 g de batata. Os demais conseguiam metade da ração.
Os presos trabalhavam no mínimo 12 horas por dia, com intervalos de 5 minutos às 10h e às 16h e uma hora de almoço ao meio-dia. Presos comuns tinham uma folga por semana e os de regime severo, duas ao mês. Eles só podiam largar o batente quando a temperatura caía a 50 graus negativos. (,,,)
Fugir era quase impossível. Segundo a jornalista Anne Applebaum no livro Gulag, guardas tinham ordens de atirar para matar quem atravessasse o arame farpado e entrasse na “zona da morte”. Há relatos de poucos presos que conseguiram fugir e levaram um outro zek desavisado para servir de alimento – sim, praticaram canibalismo porque não havia comida fora dos campos.
(...) Entre 1930 e 1933, Stálin mandou 2 milhões deles para a Sibéria", afirma Applebaum. Nessa época, os Gulag se transformaram no motor do crescimento industrial da União Soviética. Em turnos de até 30 horas, os prisioneiros construíram estradas, aeroportos e campos de petróleo. Segundo a jornalista, ex-correspondente da revista The Economist na Europa Oriental, foi em 1937, quando a repressão stalinista chegou ao ápice, que os Gulag se tornaram campos de execução. "Somente a ordem número 00485 da NKVD, contra •desviantes e grupos de espionagem•, resultou na prisão de 350 mil pessoas, dos quais 247 157 foram fuzilados - entre eles, 110 mil poloneses."
(...) Oficialmente, 2 749 163 morreram nos campos e no exílio. Os campos começaram a ser desmantelados após a morte de Stálin, em 1953, mas alguns resistiram até os anos 80. Só em 1987, Mikhail Gorbachev - neto de prisioneiros do Gulag - decidiu tirá-los do mapa.
(https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-gulag-tragedia-da-uniao-sovietica.phtml)
Stálin instituiu o “culto à personalidade”, onde se procura continuamente reforçar a imagem do líder e, em contraposição, apagar a imagem dos opositores. Trata-se da personificação do poder, com a utilização de uma máquina propagandística extremamente eficiente, transformando Stálin em um mito: amar o país era o mesmo que amar Stálin. Ao mesmo tempo, aparecer ao lado de Lênin era uma forma de posar como seu legítimo sucessor e de herdar a popularidade do líder. Stálin mandou produzir estátuas, pinturas e fotos, forjando uma proximidade entre os dois.
Stálin chegou a escrever livros sobre a história do socialismo. O mais importante deles, o "Curso Resumido", tornou-se o principal guia para a educação política do povo soviético e contém inúmeras auto referências à sua genialidade e sabedoria. A edição de 1938 saiu com 43 milhões de exemplares. Criou o “Prêmio Stálin” para patrocinar artistas alinhados com o regime e um concurso para escolher o novo hino nacional. A letra vencedora, que ele mesmo aprovou, criada por Mikhalkov e Registan, dizia: “O grande Lênin iluminou nosso caminho e Stálin nos fez leais ao povo”.
No campo econômico, Stálin abandonou a NEP e iniciou a socialização total com a adoção dos planos quinquenais, que tinham como objetivo industrializar e modernizar a União Soviética. No meio rural foi feita a coletivização, utilizando-se fazendas estatais (sovkhozes) e cooperativas (kolkhzones).
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