Período Democrático - (3 de 5 ) Juscelino Kubitschek

Após o suicídio de Getúlio Vargas a democracia no Brasil estava seriamente ameaçada. No curto espaço de 16 meses sucederam-se três presidentes. Em 1955 a UDN, prevendo mais uma derrota nas urnas esforçava-se para tentar suspender as eleições e articular um golpe militar no Brasil.

Após a vitória nas urnas de Juscelino Kubitschek e do seu vice, João Goulart, a UDN passou a conspirar contra o governo eleito. É nesse âmbito que a UDN, totalmente inconformada com a derrota nas urnas tenta articular um golpe de estado. Nesse momento de extrema tensão foi fundamental a intervenção do general Henrique Teixeira Lott, então ministro da Guerra, que colocando as suas tropas nas ruas, nos prédios públicos e principais rádios e jornais garantiram a posse do presidente eleito.

O Governo JK, considerado uma ponte entre o velho e o novo Brasil, foi marcado por importantes realizações administrativas. No campo econômico adotou a política desenvolvimentista. Desenvolvimentismo é qualquer tipo de política econômica baseada no crescimento da produção industrial e da infra-estrutura, com participação ativa do estado, podendo se associar ao capital privado nacional e estrangeiro. Muitas vezes, o governo busca atrair capitais estrangeiros, concedendo às empresas multinacionais facilidades, inclusive, com a isenção de impostos.

No caso de JK, apesar da participação do capital estatal e nacional privado, a grande opção foi pelo modelo de desenvolvimento dependente, onde se tem a abertura do país ao capital estrangeiro, em especial norte-americano, concedendo-se facilidades excepcionais.

Com o seu Plano de Metas, que adotava o lema “50 anos em 5” o governo JK tinha como objetivo a aceleração do desenvolvimento econômico, crescendo o equivalente a 50 anos em apenas cinco. Foram definidas cinco grandes áreas em que o governo JK prometeu investir o dinheiro público: energia, transportes, alimentação, indústrias e educação.

O crescimento industrial no período do governo Kubitschek foi o maior de toda a história do Brasil. Em seu governo, a produção industrial cresce 80 %, sendo que o crescimento da economia alcançou robustos 8,1% ao ano.

Pode-se dizer que das áreas previstas para grandes investimentos nos Planos de Metas, a dos transportes recebeu grandes investimentos, em especial a rede rodoviária, uma vez que atendia o interesse das multinacionais dos automóveis que se instalavam em território nacional. Foi construída a Belém-Brasília (com 2000 km), a Acre-Brasília (com 2.500 km). A Fortaleza-Brasília (com seus 1500 km) entre outras. Tratava-se de interligar o Brasil a sua nova capital, ao novo centro do poder.

A opção pelo transporte rodoviário e a instalação das multinacionais, entre outras consequências ocasionou a venda da única fábrica de motores nacionais, a estatal FNM, deixando definitivamente o país de fora de um dos maiores negócios do mundo, hoje totalmente absorvido pelas montadoras internacionais. Por outro lado o modelo rodoviário foi altamente nocivo, uma vez que alongo prazo significou o abandono dos investimentos no transporte público e do sistema ferroviário nacional. Para se ter uma idéia, atualmente, a pequena e sucateada malha ferroviária existente, em comparação com a vasta extensão territorial do país, resulta numa densidade ferroviária inferior a da Argentina, da Bélgica e de outros países.

Símbolo de seu governo, a construção de uma nova capital, Brasília (inaugurada em 21 de abril de 1960) é justificada pela necessidade de levar o desenvolvimento ao interior do Brasil. Planejada por Oscar Niemeyer e Lucio Costa a nova cidade, de arquitetura moderna, foi construída no interior do país, onde não havia absolutamente nada. À obra, contudo, por vezes foi criticada pelos seus altos custos, pelo favorecimento de empreiteiros na execução do projeto, e por ocasionar um agravamento do processo inflacionário.

Em termos políticos, com maioria no Congresso, com a atuação de João Goulart junto aos sindicatos e o apoio do general Lott entre os militares, o governo JK foi marcado pela estabilidade, com a possibilidade de livre manifestação dos partidos políticos, liberdade de expressão e garantia dos direitos individuais, com a exceção do PCB, que no contexto da Guerra Fria continuava na ilegalidade.

Afora o extraordinário crescimento econômico do período JK e o expressivo aumento da renda per capita (três vezes maior) o período final do seu governo já assinalava os efeitos nocivos da política desenvolvimentista dependente. O rápido crescimento da indústria e os gastos com a construção da capital estão entre os fatores que elevam a inflação e a dívida interna e externa. Por outro lado, JK não conseguiu minimamente resolver os problemas estruturais do país, em especial a crescentes desigualdades sociais e regionais.

Kubitschek termina o mandato com boa popularidade. Mas fica uma crise econômica de herança para o próximo governo. O período JK marca a consolidação da atividade industrial brasileira, e na memória do povo brasileiro é lembrado como uma época de otimismo e de grandes realizações como a construção de Brasília. Contudo, JK não conseguiu eleger o candidato que teve o seu apoio, o general Lott, que há alguns anos atrás garantira a em meio às turbulências a sua posse.

A charge abaixo mostra, por um lado Brasília, e por outro, a opção pela expansão da rede rodoviária (com grande interesse das multinacionais dos automóveis). Na sequência anúncio publicitário da FNM.



Meta de faminto
JK – Você agora tem automóvel brasileiro. Para correr em estradas pavimentadas com asfalto brasileiro, com gazolina brasileira. Que mais quer?
Jeca – Um prato de feijão brasileiro, seu douto!


Solidão
- É uma mensagem de JK convidando vossa majestade para a inauguração de Brasília!
- Ora essa! Deserto por deserto, prefiro ficar por aqui...

 Legenda:
- 500 pratas por dois sanduíches mistos?!
- Aqui, em Brasília, freguês, tudo é multiplicado por dez!...
A construção de Brasília, no interior do país é retratada na imagem abaixo. Da cidade do Rio de Janeiro, a capital federal será transferida para o interior do Brasil, longe das pressões e manifestações populares.



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