A França pré-revolucionária
Com cerca de 26 milhões de habitantes, a França era no final do século XVIII o país mais populoso da Europa e também um dos mais injustos. Na França o clero e a nobreza tinham enormes privilégios e o rei impunha a sua vontade e era considerado - com base na teoria do direito divino dos reis - o representante de deus na terra.
Nessa época a sociedade francesa estava dividida em três ordens ou estados.
O primeiro estado era o clero, que representava a Igreja, com cerca de 120 mil pessoas. Cerca de 20% de todas as terras da França pertenciam à Igreja. Das 120 mil pessoas algo em torno de 10 mil faziam parte de um grupo muito restrito que compunha o alto clero, que desfrutava de grande riqueza e privilégios.
O segundo estado era a nobreza, composta pela família real, pelos cortesãos (aristocratas que viviam na Corte), pela nobreza provincial e por burgueses, que embora não tenham nascido nobres enriqueceram e compraram títulos de nobreza (nobreza de toga). À nobreza correspondia um total aproximado de 360 mil pessoas.
O terceiro estado era formado pela maioria da população, entre burgueses, trabalhadores, artesãos e camponeses, além de um grande contingente de desempregados, famintos e marginalizados. A grande massa populacional eram realmente os camponeses, que correspondiam a cerca de 80% da população francesa (entre homens livres e servos). Muitos desses camponeses ainda estavam vinculados aos seus senhores por laços feudais, cumprindo obrigações como a corveia (trabalho gratuito nas terras dos nobres).
Motivações que precipitaram a Revolução
Entre as motivações que precipitaram a Revolução Francesa, pode-se destacar:
O clero e a nobreza tinham uma série de privilégios, entre eles, o de não pagar impostos. Podemos dizer, portanto, que o terceiro estado carregava os outros dois nas costas. O custo de vida de um membro do clero e nobreza equivalia a seis mil indivíduos do terceiro estado.
No século XVIII apesar da maioria da população viver e trabalhar no campo (85% da população) a oferta de alimentos era reduzida, em parte devido à concentração das terras nas mãos de poucos.
Para piorar a situação na década de 1780 a seca acabou com o rebanho bovino e dizimou as safras agrícolas, elevando de forma assombrosa os preços dos gêneros agrícolas. A fome era, portanto, algo que assolava os franceses. Em 1789, o preço do pão era tão alto que uma família gastava quase 90% dos seus rendimentos para a subsistência mensal. A fome gracejava nas aldeias, vilas e chegou até Paris em 1789. Filas se formavam nas padarias e mercearias e o povo, sem alimento, tornou-se agressivo. Estava se formando em meio a brigas e ataques à lojas, a ira popular que irrompeu durante a Revolução.
A França também estava empobrecida com os resultados desastrosos da Guerra dos Sete Anos (1756-63) contra a Inglaterra, que ocorreu ainda no reinado de Luís XV, levando a França a perder os territórios do Canadá, parte da Louisiana e da Flórida, colônias nas Antilhas, feitorias na África além do controle do território indiano. Se não bastasse isso, a França ainda resolveu ajudar os americanos contra a Inglaterra em sua luta de independência: era uma forma custosa de se vingar da derrota na Guerra dos Sete Anos.
Para se ter uma ideia do colapso financeiro da França, o déficit público às vésperas da Revolução Francesa era de 78 vezes a arrecadação da França, ou seja, gastava-se muito mais do que se arrecadava (o déficit obviamente estava associado aos privilégios de classe, as pensões do clero e da nobreza e ao custeamento de quase meio milhão de pessoas). Boa parte do financiamento do Estado francês era obtida junto aos bancos ingleses, e a dívida francesa já alcançava impressionantes cinco milhões de libras esterlinas, ao passo que a arrecadação francesa anual não cobria metade dessa dívida, assim, a França devia aos ingleses quase duas vezes a sua capacidade de arrecadação anual.
Para continuar obtendo empréstimos ingleses os franceses foram obrigados a dar como garantia para os ingleses a própria arrecadação de impostos, além de permitir que os produtos ingleses entrassem na França sem as cobranças alfandegárias. A burguesia francesa, que já estava insatisfeita, pois tinha que pagar um grande número de impostos e suportar diversos monopólios – prática onde o rei concedia o direito de fabricação de um determinado produto a um industrial em detrimento dos outros – agora sofriam com a concorrência dos produtos ingleses, que chegavam à França com um preço inferior aos próprios produtos franceses.
Insatisfação popular com a Corte, estabelecida em Versalhes, distante das agruras dos parisienses. Calcula-se que somente Versalhes consumia 10% de toda a arrecadação francesa. Deve-se lembrar de que a Corte francesa (viviam em Versalhes cerca de 5 mil pessoas) vivia de forma luxuosa e o Palácio de Versalhes era uma ilha de luxo em meio à pobreza disseminada na França. Em Versalhes eram realizadas várias festas semanais (bancadas com o dinheiro público francês). O próprio Luís XVI era um legítimo exemplar do luxo da Corte de Versalhes: nasceu e viveu nessa ilha da fantasia em meio a uma França prestes a entrar em ebulição.
Insatisfação com a rainha Maria Antonieta, austríaca (a Áustria era um antigo inimigo dos franceses), e apresentada sempre ligada à luxúria, depravação. A rainha mais elegante do mundo, parecia debochar dos franceses com seus penteados extravagantes.
Dessacralização da imagem do rei Luiz XVI e a intensiva panfletagem contra o sistema monárquico, ou seja, a satirização do monarca e sua exposição em situações vexatórias nos vários panfletos que circulavam em Paris contribuiu para que o rei francês perdesse boa parte da devoção que o povo pudesse ter em relação à sua imagem.
11 Comentários
noossa q le..le...gal
ResponderExcluirachei super legal.muita arte!!!bjs
ResponderExcluirolha, professor ta ficando chique! :D
ResponderExcluirUnico jeito de lembrar voce Sérgio!!!--' leva o dvd pra mim??e o caderno ja p aproveitar!!Po0r favor*-* Até amanha
ResponderExcluirÓtimo,pois esplica detalhadamente a França pré revolucionária.
ResponderExcluirAos que escreveram este conteúdo:MEUS SINCEROS PARABÉNS!
achei todo o blog muito legal as mensagens estão claramente espostas e completas
ResponderExcluirCaara eu nao tinha neim mais soluçao pra um trabalho que eu tinha que fazer , poq o livro nao tinha absolutamente naadaate qe eu achei vcs que mi salvaram hj, muitissimo obrigado.
ResponderExcluirmuito legal po parabens
ResponderExcluirnossa gostei mt desse documentario parabens vc por posta esta art!!!!!
ResponderExcluirÓtimo texto. Por ter essa linguagem informal, é de fácil entendimento. Muito esclarecedor.
ResponderExcluirmuito legal gosteiiiiiiiiiiiii
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