Guerra Fria (1 de 9) - O mundo bipolar


A segunda metade do século XX foi marcada pelos resultados da 2º Guerra Mundial. Dos escombros do maior combate que a humanidade já conheceu com os seus estimados 50 milhões de mortos, sobraram França e Inglaterra fragilizadas, a Itália estraçalhada, a Alemanha ocupada e dividida entre os vitoriosos do conflito, um Japão submetido por sua derrota, e duas grandes potências: de um lado os Estados Unidos e de outro a URSS.

Podemos dizer que o lançamento das bombas atômicas no Japão marca o fim da Segunda Guerra Mundial, mas também, o início da Guerra Fria. As duas bombas – Little Boy e Fat Man – desenvolvidas pelos norte-americanos ao longo da guerra através da chamada Operação Manhattan mataram mais de 300 mil pessoas, sem contar o potencial número de vítimas que sucumbiram com os deslocamentos das massas de ar, com a radiação e seus inúmeros efeitos para o ser humano e o meio ambiente.

Devemos lembrar que o principal argumento dos americanos para o lançamento das bombas era poupar vidas e apressar o encaminhamento para o fim da guerra, na medida em que os japoneses não mostravam sinais de rendição, mesmo não tendo condições de combate. Contudo, os soviéticos avançavam rapidamente através da Manchúria expulsando os japoneses e davam sinais de que da mesma forma que foram os primeiros a ocupar Berlim, poderiam dominar Tókio. Nesse sentido, as bombas funcionavam como uma forma de mostrar todo o poderio atômico norte-americano, impedindo que os soviéticos dominassem o Pacífico.

Assim, se havia alguma esperança de um pós-guerra harmonioso, capitaneada pelas grandes potências, tal expectativa logo se mostrou falsa.

Ao final da guerra, voltava a tona que Estados Unidos e União Soviética defendiam ideais distintos e que cada um tinha como principal meta a defesa e a difusão de seus sistemas econômicos, políticos e culturais. Os EUA defendiam o sistema capitalista, argumentando ser ele a representação da democracia e da liberdade. A URSS, por sua vez, enfatizava o socialismo como resposta solução dos problemas sociais.

Para os soviéticos, os americanos, agiam como donos do mundo. Para os americanos, ao contrário, eram os soviéticos quem desejavam impor sua ideologia ao restante do planeta. Temerosos em relação ao poderio das potências capitalistas, em especial, dos Estados Unidos, o governo da União Soviética, comandado por Stalin tratou de acentuar o domínio sobre os países do Leste Europeu, no que foi denominado pelo britânico Winston Churchill em 1946 de “cortina de ferro”.

Os sinais de animosidade se multiplicavam, sendo que a postura capitalista ficou sintetizada em 1947, por meio de um discurso do presidente Harry Truman, dos Estados Unidos, que constituiu a chamada Doutrina Truman, onde o mundo estaria dividido em duas partes, o lado democrático e livre, capitaneado pelos Estados Unidos e o lado onde predominava a opressão e tirania, dominado pela União Soviética.

Tratava-se de luta pela hegemonia mundial, onde ambos os lados, procuraram cooptar a maior número possível de países para a sua causa, dividindo o mundo em dois grandes blocos. A Europa Ocidental e a América Central e do Sul, além do sudeste da Ásia receberam forte influência dos EUA. A maior parte da Ásia e do Leste Europeu ficaram sob o domínio soviético.

Para os Estados Unidos era necessário conter o avanço comunista, inclusive, dentro do próprio território americano. Essa percepção levou ao macarthismo, um movimento conservador que estremeceu os Estados Unidos nos anos 50. O senador Joseph McCarthy desencadeou uma feroz campanha anticomunista, investigando as supostas infiltrações comunistas no país, e levando dezenas de artistas, produtores e intelectuais à falência e ao desespero.

Por outro lado, os EUA procuraram investir na reconstrução da fragilizada e faminta Europa. Com o Plano Marshall (1947), concederam uma série de empréstimos a juros baixos ou doações, que tinham como finalidade, por um lado, a reconstrução da Europa, e por outro, afastar o fantasma do comunismo que gracejava em muitos países arrasados com a guerra. Há de se destacar, que diferentemente da Primeira Guerra Mundial, nações inimigas como a Alemanha, a Itália e posteriormente, o Japão também receberam investimentos americanos. O objetivo era consolidar a hegemonia norte-americana – na medida em que os europeus eram obrigados a comprar produtos norte-americanos – e afastar esses países da influência soviética.

Em resposta ao plano econômico dos EUA, a União Soviética formou uma agência com a finalidade de unificar as ações dos partidos comunistas do mundo, a chamada Kominform (1947), e propôs ajuda aos países aliados, com a criação do COMECON (1949). Esse plano de ajuda econômica era uma maneira de impedir que os países-satélites da União Soviética demonstrassem interesse pelo Plano Marshall.

A rivalidade em termos da propagação de idéias foi acompanhada por alianças militares. Em 1949 os EUA e o Canada, juntamente com a maioria da Europa capitalista, criaram a OTAN, uma aliança militar com o objetivo de proteção em caso de um suposto ataque dos países socialistas.

Em resposta à OTAN, a URSS firmou entre ela e seus aliados o Pacto de Varsóvia (1955) para unir forças militares da Europa Oriental. Logo as alianças militares estavam em pleno funcionamento, e qualquer conflito entre dois países integrantes poderia ocasionar uma guerra nunca vista antes.



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