Reformas Religiosas (3 de 7) - Lutero: o homem que não aceitou a venda de indulgências


Trata-se da reforma realizada pelo homem que não aceitou a venda de indulgências. Martinho Lutero (1483-1546) nasceu no Sacro Império Romano Germânico (hoje o que seria a Alemanha) e estudou direito e, por inclinação acabou entrando na vida religiosa. Torna-se professor universitário e depois de uma viagem para Roma em 1510 passa a criticar profundamente a corrupção e a avareza e as vendas de indulgências, que predominava no seio da Igreja, que pretendia arrecadar dinheiro para a reconstrução da basílica de São Pedro.

Num primeiro momento, as críticas de Lutero pretendiam apenas reformar a Igreja, discutir e corrigir imprecisões e não romper ou criar uma nova Igreja. Em 1515 Lutero afixou nas portas de uma igreja alemã as famosas “95 Teses”, onde criticava a idéia de que a salvação poderia ser comprada. Dava inicio a uma longa discussão entre Lutero e as autoridades eclesiásticas, que vai levar a sua excomunhão em 1520.

Acaba, então, se refugiando na região da Saxônia. Nessa época havia um clima propício para a disseminação das idéias de Lutero no Sacro Império Romano Germânico, que era formado por inúmeros principados. Esses principados estavam descontentes com o comando do Imperador, da espanhola dinastia dos Habsburg que eram aliados do papa, além de criticar a Igreja, que eram dona de uma grande quantidade de terras. As classes sócias também culpavam em parte a Igreja pela penúria pela qual passavam.

E nesse clima favorável que Lutero vai desenvolver os pontos principais de sua doutrina:


  • A salvação pela fé. Esse princípio alterava drasticamente a imagem de um Deus severo, para a contemplação da figura de um pai compassivo. Ao mesmo tempo, diminui a importância dos atos, na medida em que todos de qualquer forma são pecadores, então, não são a obediência ou principalmente as ações que vão proporcionar o paraíso e sim a sua fé. Por outro lado, se é a fé que salva, a Igreja torna-se apenas útil para a salvação, mas não necessária.
  • Livre interpretação da bíblia.
  • Extinção da hierarquia eclesiástica e do celibato
  • Mudanças dogmáticas: em relação aos sacramentos, e em relação ao principio da transubstanciação (a transformação de pão e vinho em corpo e sangue de Cristo), que passa a ser negada.
  • Utilização das línguas nacionais, para permitira o acesso a Bíblia.
  • Submissão da Igreja ao Estado.

As idéias de Lutero e a expansão do movimento darão origem a revoltas camponesas de grande proporção. Liderados por Thomas Munzer, a partir de 1524 os camponeses vão lutar violentamente pela posse de terras e pelo fim dos privilégios. A repressão foi brutal, as classes dominantes, inclusive por ocasião do apoio de Lutero, vão esmagar os revoltosos, ocasionando a morte de mais de cem mil pessoas. Lutero enfatizava que os princípios da Reforma eram religiosos e não sociais, nada justificava, portanto a revolta dos camponeses.

Obtendo o apoio de nobres poderosos o Luteranismo vai rapidamente se disseminar por vários países europeus aumentando intensificando as diferenças em relação em Roma. O que era para ser uma reforma vai acabar se transformando em uma ruptura que será aceita por Roma apenas em 1555, não sem lutas escarnecidas e milhares de mortes.


Abaixo uma ilustração de Lutero na Dieta de Worms. Lutero havia sido chamado para desmentir suas idéias, o que não aconteceu.

Imago História

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