Reformas Religiosas (2 de 7) - Motivações que levaram às Reformas Religiosas


Vamos examinar a seguir algumas motivações que desencadearam o movimento que levou às Reformas Religiosas.

Despreparo intelectual e imoralidade de inúmeros membros do clero

A autoridade religiosa estava intimamente associada à riqueza. Muitos membros da Igreja denunciavam exatamente essa riqueza dos clérigos que não condiz com os princípios do cristianismo dos primeiros evangelistas, além de muitos clérigos não demonstrarem o preparo intelectual necessário. Criticavam os abusos de autoridade e a imoralidade desenfreada ou nicolaísmo, com o desrespeito em relação ao celibato.

A corrupção disseminada no clero

Para aumentar os ganhos Roma praticava o valorizado comércio das relíquias sagradas (simonia). Por um bom dinheiro qualquer um poderia se tornar proprietário de um espinho da coroa de Cristo, ou de um pequeno pano embebido pelo sangue seu sangue; ou ainda, um dos ossos de um dos santos da Igreja, e com muito dinheiro, até mesmo, uma crânio inteiro de um santo. Alguns dos grandes monarcas europeus costumavam ter coleções de relíquias que exibiam com grande triunfo. Se não bastasse a venda de relíquias, a Igreja passou a vender também as indulgências, ou seja, o perdão dos pecados. Era possível comprar um título que assegurava a salvação da alma e a entrada no reino dos céus. Se você não tivesse tanto dinheiro assim, poderia, ao menos, garantir ao menos um lugar no purgatório.

A crescente influência dos pensadores humanistas

Ao defenderem a dignidade do homem e a sua incrível capacidade de criar e investigar a natureza, muitos humanistas se contrapunham ao papel da Igreja como intermediária entre os homens e Deus. Para eles a emancipação do homem, sua individualidade, deveria se manifestar, inclusive, em seu relacionamento com Deus.

A invenção da imprensa 

A multiplicação de traduções da Bíblia para as línguas vulgares contribuiu para o aumento dos estudos dos escritos religiosos. Essa divulgação dos textos sagrados contribuiu para o surgimento de diversas interpretações, recuperando ideias como a de Santo Agostinho, que afirmava que a salvação do homem era alcançada pela fé. 

A intensificação do conflito entre o poder temporal e o poder espiritual

Esse conflito ocorria numa época em que se acelerava a centralização do poder político nas mãos dos reis, sob a forma das monarquias nacionais, e os diferentes estados começaram a afirmar suas diferenças em relação à língua, costumes e tradições. Os reis passaram a questionar a interferência da Igreja em seus estados, ou seja, a Igreja passa a ser vista, cada vez mais como uma entidade estrangeira. Além disso, havia a disputa em termos das riquezas da Igreja espalhadas por toda a Europa, como a grande quantidade de terras. Essas riquezas passaram a ser cobiçadas pelos monarcas europeus, que pretendiam fortalecer seu poder.

O inconformismo em relação à condenação da usura (lucro excessivo). 

Essa moral econômica da Igreja se contrapunha aos ideais de amplos setores de uma burguesia ascendente, que não se sentia totalmente a vontade uma vez que havia a contínua ameaça do inferno para quem praticava a usura. Os comerciantes, mas que ninguém, sentiram a necessidade de uma nova ética religiosa, que se adequasse aos novos tempos, marcado pela expansão comercial e pela introdução das práticas capitalistas.

Abaixo, as duas imagens retratam a venda de indulgências, uma das principais críticas dos reformistas. A primeira imagem é de Jorg Breu, datada de 1530. A segunda de Lucas Cranach, de 1521.


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