As origens do ser humano (1 de 3): O ato voluntário e a intencionalidade


Quando pensamos no ser humano logo fazemos uma analogia distintiva em relação a todos os demais animais. Vamos verificar as partes constitutivas dessa referência: 



Podemos pensar nas diversos atos executados por animais considerados mais simples, como os insetos, mas que demonstram uma habilidade incrível, como, por exemplo, a aranha tecendo a sua teia ou uma abelha construindo a colmeia. 


Se comparado com o trabalho executado pelo homem, esses animais poderiam até mesmo ser considerados perfeitos. Contudo, trata-se de uma ilusão. Esses animais são regidos por leis biológicas, idênticas na espécie e invariáveis, que não permitem inovações e são transmitidas de forma hereditária. Trata-se de um ato involuntário, instintivo, ou seja, podemos prever as reações típicas de cada espécie. 

Devemos aqui fazer uma distinção entre o que se entende por “instinto” e “ato voluntário”. 

Quando falamos de “instintos, fazemos referência a uma atividade que ignora a finalidade de sua própria ação. O ato voluntário, por sua vez, tem consciência de sua finalidade, “consciência de si”, ou seja, existe antes como forma de pensamento, como uma intencionalidade uma possibilidade de algo que se quer colocar em prática, que se deseja executar. Essa é a primeira grande diferenciação entre o ser humano e os demais animais. Leia a descrição de Marx com relação ao trabalho executado pelas abelhas e o trabalho executado pelos homens, atentando para a importância da intencionalidade: 

“Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas colmeias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em sua colmeia. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e, portanto, idealmente. Ele não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural: realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo, que ele sabe que determina como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao qual tem que subordinar sua vontade. E essa subordinação não é um acontecimento isolado. Além dos órgãos que trabalham, é exigida a vontade orientada a um fim, que se manifesta com atenção durante todo o tempo de trabalho.” 

Mas o que dizer de animais como os símios que conseguem demonstrar sinais que superam o puro e simples instinto, como, por exemplo, o chimpanzé que para alcançar seu alimento tenta subir em um caixote e percebendo que não consegue alcançar seu alimento, utiliza-se de um bambu, e depois encaixa um bambu em outro até cumprir seu objetivo. Trata-se de uma ação que não é puramente instintiva, ao contrário, permeada pela flexibilidade, denotando um sinal de inteligência. 

Há de se considerar, contudo, que o animal utiliza o que está à sua mão, aquilo que lhe é proporcionado pelo meio para cumprir um objetivo imediato, jamais inventa o instrumento nem tampouco o conserva para posterior utilização. Por mais que muitos mamíferos demonstrem sinais evidentes de inteligência flexível e organização social, jamais conseguir superar a mundo natural. Somente o homem conseguiu transformar a natureza de forma significativa. Esse processo é conhecido como cultura.


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