Ao longo da história inúmeras civilizações surgiram, tiveram séculos de esplendor e domínio, mas muitas vezes acabaram por desaparecer, deixando poucos vestígios. Uma das exceção a essa lógica são os hebreus.
Apesar de nunca exibirem um exército formidável ou um poder que se estendesse por grandes territórios, como outras civilizações, o povo hebreu conseguiu atravessar milênios de história e manter a sua cultura viva ainda nos dias de hoje. Tudo isso foi possível graças à estruturação social dos hebreus em torno da crença de que se constituem enquanto o “povo escolhido”.
Segundo a história dos hebreus narrada no Torá (que corresponde aos 5 primeiros livros da Bíblia), por volta de 1900 a.C., Abraão fez um acordo com Deus, onde renunciava ao politeísmo e aceitava um único Deus criador de todas as coisas vivas e não vivas sob e sobre a terra, sendo que em troca foi lhe prometido a terra de Canaã, terra donde “jorraria leite e mel”. A partir da possibilidade de terras para o seu estabelecimento, os hebreus - que eram uma civilização nômade-pastoril - se reuniram sobre o comando de Abraão e partiram em busca da então terra prometida.
O problema é que a suposta Canaã ficava numa região bastante fértil, no meio do caminho de duas grandes civilizações: o Egito e a Babilônia. Trata-se, é claro, da região que hoje compreende a Palestina. Na época de Abraão essa região era disputada por egípcios e babilônios por ser um local de passagem de inúmeras rotas de comércio.
Abraão foi o primeiro dos grandes patriarcas (ou chefe de clã) do povo hebreu.
Patriarcalismo – Trata-se de uma autoridade masculina e de cunho religioso que tem grande influência e poder sobre inúmeros subordinados. Todos devem prestar obediência ao patriarca, fazendo com que as relações entre as pessoas sejam permeadas pela hierarquia e pelo direito hereditário, ou seja, na morte do patriarca, o primogênito, assumiria o lugar do pai.
Segundo o Torá, o primogênito de Abraão era Isaac, e o primogênito de Isaac por sua vez Jacó. O grande Jacó teve um total de doze filhos, que formaram as doze tribos de Israel. Todo o povo de Israel seria descendente dessas 12 tribos.
Um dos filhos de Jacó era José, que tinha um dom profético. Em um de seus sonhos afirmou que seus irmãos lhe prestariam homenagem, se inclinando e lhe agradecendo. Os irmãos não teriam acreditado nele, tanto que o jogaram em um poço e depois venderam José, que foi acabar como um escravo no Egito. Mas se o dom de José não agradou seus irmãos acabou por chamar a atenção do faraó do Egito. Fazendo profecias de tempos fartos e tempos de escassez de alimentos, José ganhou a gratidão do faraó, libertando-o e dando um cargo de honra.
Como a profecia de José havia se realizado, seus irmãos começaram a passar por grande fome e partiram em uma jornada em direção ao Egito. Chegando lá, foram acolhidos e alimentados por José. Tudo parecia ótimo, mas a sucessão colocou um novo faraó no poder, que então escravizou todos os hebreus que estavam recebendo as benevolências de José.
A escravidão dos hebreus no Egito perduraria por dois séculos, até que um novo líder nasceu, Moisés, que liderou os hebreus em sua fuga do Egito, o Êxodo. Durante a peregrinação dos hebreus pelo Egito, Moisés teria recebido de Deus os 10 mandamentos no alto do Monte Sinai, o que constituía um código de conduta que deveria ser seguido por todos os hebreus. Os hebreus peregrinaram pelo deserto por 40 anos, até que se estabeleceram na região da Palestina.
As bases de um verdadeiro estado hebraico somente foram efetivamente lançadas por volta do ano 1000 a.C. com o rei Davi (que segundo outra história fantástica teria derrotado o gigante Golias, o melhor dos combatentes dos filisteus, inimigos dos hebreus que habitavam na região costeira), que conseguiu reunir todas as tribos e centralizar o poder, formando um exército permanente suficientemente forte para resistir aos inimigos externos.
Jerusalém acabou se tornando a capital de Israel e posteriormente, no governo do rei Salomão, foi construído o Templo de Jerusalém (ou Templo de Salomão – que guardava os Dez Mandamentos).
Representação do Templo de Jerusalém.
Acima o Muro das Lamentações em Israel, supostamente o que restou do grande Templo de Jerusalém, destruído pelos romanos no início da era cristã.
A unidade dos hebreus não durou muito tempo, e a fragmentação em dois reinos facilitou a invasão externa, inicialmente pelos assírios e mais tarde pelos babilônios, com Nabucodonosor no século VI a.C., que destruiu o Templo de Jerusalém e escravizou os hebreus (primeira diáspora). Posteriormente, os hebreus foram libertos pelos Persas (por volta de 539 a.C.).
A libertação dos hebreus pelos persas não impediu que séculos depois eles sofressem uma nova invasão, agora pelos macedônicos, e por fim pelos romanos, que massacraram os hebreus e destruíram Jerusalém em 70 (inclusive o Templo de Salomão, que havia sido reconstruído), levando aos hebreus a uma dispersão por outras regiões, o que perdurou por centenas de anos e ficou conhecido como a Grande Diáspora. Teria início uma peregrinação dos hebreus pelo mundo que perduraria por séculos e séculos, sem a possibilidade efetiva dos hebreus retornarem para a sua Canaã. A região da Palestina, por sua vez recebeu outros povos que se estabeleceram na região criando vínculos fortes. Os hebreus, ou judeus, somente retornaram à Palestina com o fim da Segunda Guerra Mundial, a partir da iniciativa da ONU em criar o estado de Israel.
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