A Era Vargas (4 de 5) - O Estado Novo - 1937-45


Vargas procurou justificar o autoritarismo delineando o que ele chamou de uma “nova democracia”. Para Vargas, antes de 1930, o que existia no Brasil era uma falsa democracia, onde mesmo escolhendo seus representantes – dentro das limitações que existia – a população não tinha seus direitos assegurados. Para Vargas, o estado centralizado possibilitaria, efetivamente, que o Estado garantisse direitos sociais e trabalhistas para a população, como a educação e a saúde, ou seja, a democracia não se restringe ao voto, mas a garantia dos direitos sociais.


Entre as características da nova Constituição podemos destacar:

· Estado ultra centralizado e o presidente como suprema autoridade.
· Nomeação de interventores. 
· Censura e fim das garantias individuais.
· Corporativismo sindical.
· Controle educacional e cultural. 

Com essas medidas o governo passou a perseguir, prender e torturar os seus inimigos políticos. Entrava em vigor a máquina repressora do Estado Novo que manteria Getúlio no poder até 1945.

Além da repressão política por meio da violência, a manutenção de Vargas no poder foi facilitada em grande parte pela propaganda favorável ao governo, que era criada no DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Entre as atribuições do DIP pode-se destacar:

· Censurar o que não convinha ao governo de Vargas em todos os meios culturais: filmes, rádio, teatro, livros, jornais, manifestações culturais e recreativas.

· Produzir mensagens favoráveis, o que ajudou a fortalecer a imagem fraternal de Vargas junto às camadas populares. 

- Nesse sentido, antes das apresentações cinematográficas havia a exibição de mensagens que enalteciam a figura de Vargas e procurava ressaltar as suas realizações.

- Nas rádios foi criado o “A Hora do Brasil”, com obrigatoriedade de transmissão.

O governo de Vargas ainda se utilizava de outra interessante estratégia propagandista: a criação de datas comemorativas. Como exemplo pode-se citar o célebre 1º de maio, ou o “Dia do Trabalho”. Era comum o governo planejar comemorações especiais nessas datas que atraíam milhares de pessoas, momento propício para um discurso nacionalista e a anúncio de uma medida que favorecesse a população.

Identidade nacional e censura

“Sapato brilhando, chapéu Panamá, sorriso faceiro, dosagem alcoólica controlada no nível da simpatia, um olho na acompanhante, outro nas acompanhadas, os dois nas cabrochas do recinto. Andar solto, cheio de ginga, papo despretensioso e mortal. Fiel à boemia; à monogamia, jamais. Trabalho, nem pensar” (Artur Louback Lopes). Essa é uma boa caracterização do malandro na república brasileira, em especial na década de 1930. 

Normalmente o malandro aparece vinculado a uma dessas concepções:

  • Contraponto do mundo do trabalho, como uma apologia ao ócio, ou seja, nessa concepção o trabalho não dignifica o homem. 
  • O malandro pode aparecer ainda como uma estratégia de sobrevivência, como uma forma de vida suave. 
  • Por fim, a malandragem costuma ocupar um lugar de destaque na construção do que podemos chamar de identidade nacional, no sentido de que “somos todos uma gente de malandro”, ou quem nunca ouviu falar do “jeitinho do brasileiro” para resolver as coisas. 

O malandro, portanto, não é um personagem que procura civilizar, muito ao contrário, sua relação é com a barbárie com a anomia. E nesse sentido que a malandragem se contrapunha à ideologia de trabalho do governo Vargas. O governo Vargas, em especial durante o Estado Novo, sob a direção do DIP, vai procurar censurar e cooptar diversos sambistas para trabalharem em favor da ideologia do trabalho proposta por Vargas. 




Imago História

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