Totalitarismo (Principais Características)

Nos governos não democráticos, a pessoa investida de poder, dele se apossa por toda sua vida como se fosse seu proprietário. Como exemplo desse poder, podemos citar o faraó no Antigo Egito, César em Roma e os reis da Idade Média. Esse poder:

  • Não é legitimado pela maioria.
  • Depende da força ou prestígio de quem o exerce.
  • Procura sempre controlar e eliminar a oposição.

Em algumas situações e poder pessoal se funde com o poder político e a estrutura do Estado, dando origem ao totalitarismo, e o caso, por exemplo, do nazismo na Alemanha e do fascismo na Itália.

O fascismo foi criado na Itália no final da década de 1910, uma década antes do seu congênere alemão, o nazismo. Ao mesmo tempo postura ideológica e partido político tinha como seu grande líder Benito Mussolini, que vai se tornar primeiro-ministro italiano no começo da década de 1920.

A palavra fascismo deriva de “fascio”, que diz respeito a um machado que tem o cabo rodeado de varas, símbolo da época do Império Romano para designar o poder do “grupo”, do Estado e a unidade do povo em relação ao Estado. Uma frase proferida por Mussolini define muito bem a essência do fascismo: “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”.


Vejamos abaixo algumas características dos regimes totalitários:

  • No totalitarismo não existem questionamentos, o estado passa a ter o monopólio da verdade e decidir e dirigir a vida das pessoas, a vida delas se resume ao estado, que é a sua razão existencial.

  • O estado interfere em todos os setores da vida do indivíduo: na esfera familiar, econômica, cultural, educacional, de lazer, religiosa, etc.

  • É muito comum que o totalitarismo venha acompanhado da ideia de unipartidarismo (onde o controle do estado é exercido por um único partido).

  • Infabilidade do líder (ideia de que o líder tem o conhecimento do que é melhor para os seus seguidores, assim, todos devem confiar no líder e acatar as suas decisões porque ele é infalível). Mussolini era chamado de duce, que significa “aquele que conduz”, e o lema fascista era nada menos do que “crer, obedecer, combater”. Hitler, por sua vez, recebia a denominação de fuhrer, que significa “meu condutor” e comumente lembrava aos indivíduos que “tu não és nada, o teu povo é tudo”.

  • Nacionalismo – trata-se da ideia da nação como ideal supremo, ou seja, todos devem se identificar com a grandeza de seu país, trabalhar e cooperar para o seu crescimento e sua glória, e se necessário morrer em sua defesa. Cabe destacar, que o nacionalismo fascista defende a ideia de que o estado e superior aos indivíduos, uma vez que compreende a “soma” de todos esses indivíduos.

  • Domínio dos meios de propaganda, manipulação da opinião pública e utilização da censura.



  • Utilização da polícia política (Gestapo) e eliminação de qualquer oposição.

  • Governo dos mais fortes – amparado nas teorias evolutivas do final do século XIX, diz respeito à crença de que o mundo deve ser governado pelos melhores, pelos mais fortes ou aptos.

  • Arianismo – diz respeito à superioridade da raça alemã. Assim os alemães, enquanto uma raça pura teria a pátria-mãe como solo sagrado e o estado alemão como defensor dessa raça pura, lutando e combatendo as raças consideradas impuras, inferiores ou degeneradas.

Deve-se destacar que logicamente não eram todos os alemães que compartilhavam da ideia de superioridade da raça alemã. Por outro lado, o estado nazista efetuou um esforço gigantesco no sentido de criar uma oposição entre a raça ariana “sadia” e “forte” e todos os elementos que poderiam gradativamente enfraquecer essa raça, como por exemplo, os judeus. Esse esforço ia do campo artístico, com a abominação, por exemplo, do expressionismo e de artes de vanguarda, que passam a ser consideradas degeneradas, à formação médica, com escolas para formação de médicos nazistas. Como exemplo vale dizer que os médicos judeus foram proibidos de exercer seu ofício e quase 50% dos médicos da Alemanha faziam parte do Partido Nazista. Por outro lado, o casamento entre alemães e outras raças consideradas inferiores igualmente foi execrado, como sinal característica de degeneração.

  • Antissemitismo – preconceito fundamentado em teorias pseudocientíficas e dirigido aos judeus, que passam a ser considerados nocivos, degenerados, apátridas, sem vinculação a uma pátria-mãe ou nação. Os judeus passam a ser vistos como errantes, como parasitas que historicamente sugariam e corromperiam as sociedades nos quais se instalaram. 


  • Rejeição ao liberalismo – na medida em que defende a união de todos para a glória da nação, o fascismo rejeita a sociedade liberal, uma vez que a liberdade, principalmente vinculada ao individualismo, enfraquece a união do grupo, ou a união de todos em favor do estado.

  • Rejeição à democracia – entende-se que o pluralismo partidário presente na prática democrática apenas suscita discussões políticas inúteis e desnecessárias, e o jogo de interesses dos diferentes grupos políticos é mostra-se nocivo aos interesses nacionais.

  • Combate ao socialismo – uma das principais bandeiras dos fascismos é o incansável combate aos socialistas. Acreditam que a ideia marxista de luta de classes é degenerativa na medida em que opõem grupos dentro de uma mesma nação. 

De certa forma o “conflito de classes” típico do pensamento socialista seria substituído, a partir da coesão da população em torno do ideal da raça ariana, colocando-se em oposição, agora, no lugar da exploração capitalista, o “outro” degenerado, infecto ou parasitário.

  • Ação instintiva – defendem que os indivíduos devem agir se necessário com violência sempre que for necessário resguardar os interesses da pátria.

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