Os Hebreus (1 de 2)

O “povo escolhido”


Ao longo da história inúmeras civilizações surgiram, tiveram séculos de esplendor e domínio, mas muitas vezes acabaram por desaparecer, deixando poucos vestígios. Uma das exceções a essa lógica são os hebreus. Ao longo de seus 4 mil anos de história, eles se tornaram a nação mais cosmopolita do mundo, com comunidades judaicas espalhadas por mais de 100 países. 

Apesar de nunca exibirem um exército formidável ou um poder que se estendesse por grandes territórios. o povo hebreu conseguiu atravessar milênios de história e manter a sua cultura viva ainda nos dias de hoje. Tudo isso foi possível graças à estruturação social dos hebreus em torno da crença de que se constituem enquanto o “povo escolhido”.

Segundo a história dos hebreus, descrita no Torá (que corresponde ao que conhecemos como os cinco primeiros livros da Bíblia), por volta de 1900 a.C. Abraão fez um acordo com Deus (por meio da circuncisão), onde renunciava ao politeísmo e aceitava Yahvé (deus invisível e indivisível) criador de todas as coisas, sendo que em troca foi lhe prometido a terra de Canaã. Trata-se do surgimento do primeiro monoteísmo da história.

Pensando na possibilidade de conseguir terras para o seu estabelecimento, os hebreus - que eram uma civilização nômade-pastoril - se reuniram sobre o comando de Abraão e partiram em busca da então terra prometida.

O problema é que Canaã ficava no meio do caminho de duas grandes civilizações, o Egito e a Babilônia. Trata-se, é claro, da região que hoje compreende o estado de Israel. Na época de Abraão essa região era disputada por egípcios e babilônios por ser um local de passagem de inúmeras rotas de comércio.

Abraão foi o primeiro dos grandes patriarcas (ou chefe de clã) do povo hebreu. Trata-se de uma autoridade masculina e de cunho religioso que tem grande influência e poder sobre inúmeros subordinados. Todos devem prestar obediência ao patriarca, fazendo com que as relações entre as pessoas sejam permeadas pela hierarquia e pelo direito hereditário, ou seja, na morte do patriarca, o primogênito, assumiria o lugar do pai.

O cativeiro no Egito e o Êxodo

Segundo o Torá, o primogênito de Abraão era Isaac, e o primogênito de Isaac por sua vez Jacó. Jacó teve um total de doze filhos, que formaram as doze tribos de Israel. Segundo a tradição religiosa, todo o povo de Israel seria descendente dessas 12 tribos.

Um dos filhos de Jacó era José, que tinha um dom profético. Em um de seus sonhos afirmou que seus irmãos lhe prestariam homenagem, se inclinando e lhe agradecendo. Os irmãos não teriam acredito nele, tanto que o jogaram em um poço e depois venderam José como um escravo no Egito. Mas se o dom de José não agradou seus irmãos acabou por chamar a atenção do faraó do Egito. Fazendo profecias de tempos fartos e tempos de escassez de alimentos, José ganhou a gratidão do faraó, libertando-o e dando um cargo de honra. 

Como a profecia de José havia se realizado, seus irmãos começaram a passar por uma grande fome e partiram numa jornada em direção ao Egito. Chegando lá foram acolhidos e alimentados por José. Tudo parecia ótimo, mas a sucessão colocou um novo faraó no poder, que então escravizou todos os hebreus que estavam recebendo as benevolências de José.

A escravidão dos hebreus no Egito perduraria por dois séculos – e é relatado na Bíblia como “o cativeiro do Egito” – até que um novo líder nasceu, Moisés, que liderou os hebreus em sua fuga do Egito, o Êxodo. 

Foi durante essa fuga que Moisés teria realizado o milagre de abrir um caminho no mar Vermelho, conduzindo seu povo em fuga até a península do Sinai. Segundo a tradição, os hebreus peregrinaram pelo deserto por 40 anos, até que se estabeleceram na região da Palestina.




Durante a peregrinação dos hebreus pelo Egito, Moisés teria recebido de Deus os famosos 10 mandamentos no alto do Monte Sinai, o que constitui um dos códigos de conduta mais importantes da história. Moisés é responsável também pela redação do Pentateuco, que correspondem aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento.

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