Política, Poder, Força e Estado

Etimologicamente a palavra política vem do grego politéia, que por sua vez se remete a cidades da Grécia Antiga que tinham o nome de pólis. Nesse âmbito pode-se dizer que política diz respeito à atuação dos indivíduos dentro da pólis (ou a politike) interferindo, decidindo ou gerindo o governo da cidade, ou em outras palavras, política é a “arte de governar”.

Contudo, devemos perceber que o desejo de governar leva às pessoas ao comando, ou seja, ao poder. Assim política pode ser compreendida também como o local do poder: “poder fazer”, “poder exercer”, “poder agir”. Muitas vezes para conseguir “fazer”, “exercer” ou “agir”, os indivíduos devem ter a capacidade de convencer. Assim podemos dizer que política é também a “arte de convencimento”. 


A partir dessa breve explicação podemos perceber mais claramente a utilização da palavra política em alguns exemplos cotidianos:

Fala-se, por exemplo, da “política da escola” ou “política da empresa” referindo-se a uma estrutura determinada de poder, ou seja, à administração da empresa ou da escola enquanto um local de poder.


Política pode ser utilizada com o significado de “jogo de cintura”, quando, por exemplo, pedimos para alguém deixar de ser intransigente para “ser mais político”. Trata-se exatamente da ideia de política ligada ao convencimento. 
Podemos se referir à política de forma pejorativa, ligando-o aos casos de corrupção no estado – ou “politicagem” – onde não se observa uma separação entre os interesses públicos e os interesses privados. Neste caso tem-se em mente exatamente a concepção de política ligada ao governo da cidade, levando-se em conta os interesses de todos.

O poder

Todos os indivíduos tem poder. Pode ser o poder de produzir algo, de consumir, de seduzir, de comandar, de manipular, entre muitas outras possibilidades. A palavra poder vem do latim potere, que significa “ser capaz de”.


Assim podemos dizer que poder é a “capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos”. Levando-se em conta essa concepção não é difícil perceber que o poder é uma relação entre indivíduos ou grupos de indivíduos, sempre exercido por alguém e sobre alguém.


Poder e força

Para que alguém tenha a possibilidade de exercer o poder é necessário que ele tenha a força necessária para tanto. A força não e somente física como pode parecer, ela pode ser também, por exemplo, psíquica ou moral.


Assim a força diz respeito aos meios necessários para se influir no comportamento de outro indivíduo. A força pode ser, por exemplo, o charme de uma pessoa em um relacionamento, ou o carisma de um indivíduo em relações de amizade. O poder se faz valer por meio da força.


Contudo, o grande problema é que a força tende a se degenerar. Assim, é comum a força física se transformar em coerção, ou a força psíquica e moral podem se transformar em ideologia. Ou em outro exemplo no caso do amor, o medo da perda, o ciúme, o desejo de controle degeneram o poder e a força originários da atração amorosa e transformam a relação inicialmente voluntária em obrigação e constrangimento.

Estado e poder

Vimos que existem várias formas de poder e força, mas podemos dizer que a partir da Idade Moderna o Estado surgiu como o representando supremo do poder e do uso legítimo da força.

Por isso, o estado pode ser definido pela presença de um determinado aparato administrativo-burocrático e o monopólio legítimo da força, ou seja, a força física é um dos elementos fundamentais utilizados com exclusividade pelo Estado para a manutenção de determinada ordem na sociedade. 
  
Legitimidade do poder

Somente a força física não é condição suficiente para um sustentar um estado por muito tempo. O Estado precisa ser legítimo, isto é, ter o consentimento daqueles indivíduos que obedecem. A essa relação damos o nome de legitimidade.

A institucionalização do poder

A institucionalização do poder acontece quando aquele que detém o poder não mais se acha identificado com ele, sendo apenas depositário da soberania popular. Nesse âmbito, a legitimidade não está no uso da violência ou nos privilégios hereditários, por exemplo, mas sim no consentimento da população.

A institucionalização do poder está ligada com a redução do poder centralizado. Pensemos na época dos faraós. O poder estava na figura do faraó, que detinha um poder pessoal extremamente centralizado. No casa das monarquias absolutas, igualmente o poder estava na figura do monarca e os súditos deviam fidelidade àquele que por meio da teoria divina dos reis era visto como representante de Deus na Terra. Com a institucionalização, por sua vez o poder não está no faraó ou no monarca absoluto, mas sim no mandato e soberania popular.

Uma das contribuições decisivas foi dada por Montesquieu, que no século XVIII teorizou sobre a autonomia dos três poderes, defendendo que “para que não se possa abusar do poder é preciso que o poder freie o poder”. Portanto, o poder torna-se legítimo porque emana do povo e se faz em conformidade com a lei.

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