A competição proporcionada pelo vertiginoso desenvolvimento da indústria levou a uma redução da margem de lucro, da mais-valia. Era necessário aumentar a margem de ganho dos industriais e a melhor forma de fazer isso era reduzindo os salários dos trabalhadores. Nesse âmbito, desde o início, a Revolução Industrial provoca profundas consequências e alterações sociais. Entre as estratégias utilizadas pelos industriais para aumentar a mais-valia, pode-se destacar:
- Substituição da mão-de-obra masculina pela feminina e infantil, com a finalidade de reduzir custos. Utilizavam-se crianças com idades inferiores aos oito anos, a troco muitas vezes de alojamento e comida.
- As máquinas passaram a ser utilizadas amplamente ocasionando um gradativo aperfeiçoamento técnico.
- Outra estratégia para manter o operário no trabalho era pagar tão pouco, de forma que ele teria que trabalhar durante toda a semana para obter uma renda mínima para a sobrevivência.
- Existiam ainda as workhouses, que eram “casas de trabalho”. Trata-se de um local público para onde eram encaminhados os desempregados, onde ficavam confinados à espera de trabalho. Essas pessoas eram disponibilizadas para os industriais como uma mão-de-obra baratíssima.
Aqui, já podemos perceber alguns dos principais reflexos da Revolução Industrial, vejamos:
- A precarização das condições de trabalho, com jornadas médias de 14 horas por dia e que dependendo da época do ano poderiam se estender até 19 horas, e sem quaisquer direitos trabalhistas.
- A expansão de uma grande massa de indivíduos despossuídos, ou também conhecidos como proletariado. O termo proletariado vem do latim proles, que se refere exatamente à progênie. Nesse sentido, o proletariado é aquele que não tem nada, apenas a sua força de trabalho, que vende para sobreviver, ou seja, o produto de seu trabalho e o seu próprio trabalho não lhe pertence.
- Na medida em que se formava uma massa de proletários, se acentuava uma grande e profunda diferenciação entre esses despossuídos e os cada vez mais enriquecidos. Trata-se talvez da maior segregação da história, baseada na diferença em relação à riqueza e possibilidades de vida.
- Aumento demográfico e crescimento das cidades, com a introdução de uma nova sociedade, notadamente industrial, capitalista, asséptica e voltada para o incremento da produtividade e do consumo. Em 1800 a Europa tinha em torno de 200 milhões de pessoas, em 1900 já tinha quase meio bilhão. Devemos lembrar que as indústrias se estabeleciam nas proximidades das cidades, de onde tinham acesso à mão-de-obra barata e fontes de energia necessárias.
- Desenvolvimento do Imperialismo com a finalidade de garantir fornecedores de matéria-prima e potenciais mercados consumidores.
- O desenvolvimento da ideologia socialista, que tem como pressuposto a apropriação dos meios de produção. No socialismo não existiria propriedade privada e teoricamente as desigualdades sociais seriam abolidas na medida em que o resultado coletivo do trabalho seria dividido de forma mais equilibrada.
Na imagem retrata-se o trabalho infantil, que foi utilizado amplamente durante a Revolução Industrial. Tratava-se de uma estratégia para reduzir os salários dos trabalhadores. Nas imagens seguintes temos um bairro pobre de Londres. A Revolução Industrial significou também a intensificação de uma das maiores segregações da história: a divisão baseada nas condições materiais de vida.
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