Independência das treze colônias americanas (1 de 3): Colonização do Sul e do Norte e Pontos de atrito entre ingleses e colonos


A ocupação da América do Norte pelos ingleses se intensifica a partir do século XVII e XVIII com a fundação de treze colônias na costa atlântica do continente. O processo de colonização, seja, como estratégia para deslocar a crescente população pobre dos centros urbanos, ou mesmo ligada aos puritanos que fugiam da Europa devido às perseguições religiosas deu origem a uma grande diversidade tanto social quanto econômica em território americano. 



A primeira colônia de peregrinos criada no ano de 1621 era formada por 19 famílias. De pouco mais de uma centena de peregrinos, sobreviveram aos primeiros anos somente 50 pessoas. Hoje em dia 10% dos americanos podem rastrear sua descendência desse pequeno grupo de sobreviventes.

A empreitada dos pioneiros não era nada fácil. Chegavam ao continente americano depois de dois meses de viagem, sendo que mais de 50% dos primeiros colonizadores perdiam a vida nos primeiros anos no Novo Mundo. Além disso, tinham que conviver com o desconhecido, como no caso da primeira colônia da América do Norte, onde 300 colonizadores estavam invadindo o espaço de uma nação indígena com mais de 20 mil índios. Devemos lembrar que nessa época o arco e a flecha eram nove vezes mais rápidos para recarregar em comparação com uma arma de fogo, dando ampla vantagem para os indígenas em determinas situações de confronto.

De uma forma geral, nas colônias fundadas ao sul acabou predominando a grande propriedade escravocrata (a plantation), onde prevalecia à monocultura através do trabalho escravo destinado a exportação. 

No centro-norte, (especialmente no norte, na chamada Nova Inglaterra) as colônias americanas desenvolveram-se tendo como base a pequena e média propriedade, com certa diversidade na produção – ou policultura – utilização de mão-de-obra livre ou de servidão temporária visando, principalmente, o abastecimento interno. Em algumas regiões desenvolveu-se até mesmo a manufatura, com grande expansão marítima. Existia, inclusive, uma preocupação com a educação dos indivíduos, sendo que em 1635 foi aprovada uma lei em Massachusetts obrigando as povoações com mais de cinquenta casas a prover uma escola primária.

Essa característica socioeconômica colonial nortista possibilitou o crescimento das cidades e a acumulação de capitais por parte de uma burguesia nascente, que, crescentemente entrava em contradição com os interesses da burguesia metropolitana. Ou seja, apesar de ser uma colônia, o Norte, ansiava por uma maior independência econômica e financeira em relação à metrópole. 

Alie-se ao vigor capitalista nortista a grande autonomia política das colônias americanas, ou o que podemos chamar também de “autogoverno” e teremos um crescente e irreparável ponto de discórdia entre colônia-metrópole. Deve-se lembrar de que a ideia de autogoverno está presente no imaginário e na prática política nortista desde a chegada dos puritanos em 1620 a bordo do navio Mayflower. Prestes a desembarcar na região de Massachusetts (fora dos limites controlados pelos ingleses) os colonos estabeleceram um pacto entre si de autogovernabilidade conhecido como Pacto de Mayflower.

Essa ideia de “autogoverno” fazia com que os colonos americanos questionassem ou simplesmente negligenciassem as leis metropolitanas. Por outro lado à objetivação da busca da prosperidade e consequentemente do lucro colocava as colônias americanas como potenciais concorrentes dos produtos ingleses. 

A vitória inglesa deveria beneficiar os colonos, que teriam as condições para expandir suas fronteiras territoriais, contudo, a Inglaterra criou uma série de resoluções – nem sempre respeitadas – que proibia o avanço colonial à Oeste e a exploração econômica dessas novas terras conquistadas. E para piorar a situação, os ingleses endividados com a guerra procuravam meios para aumentar a arrecadação, e com tal objetivo voltavam seus olhos para a sua formidável colônia na América.

Para clarificar um pouco a questão, podemos sintetizar da seguinte forma os principais pontos de atritos entre ingleses e norte-americanos: 

O desenvolvimento econômico principalmente das colônias do centro-norte, que comumente se chocavam com os interesses ingleses. 

Concorrência da produção das manufaturas norte-americanas. 
A grande autonomia política das colônias norte-americanas e a negligência em relação às leis inglesas. 

A Guerra dos Sete Anos, e o endividamento da Inglaterra, fazendo com que o governo inglês ampliasse as práticas monopolistas em suas colônias com o objetivo de aumentar a arrecadação metropolitana. 

A proibição do avanço colonial à Oeste (Proclamação de 1763) e a exploração econômica das novas terras conquistadas, em especial o lucrativo comércio de peles. 

Não obstante, esse choque de interesses entre metrópole e colônia, a guerra dos Sete Anos (1756-63) entre a França e a Inglaterra se estendeu à América, onde se disputava territórios na região dos Grandes Lagos tornando ainda mais explosiva a insatisfação colonial. 

No mapa, à direita, as Treze Colônias inglesas na América.

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