Conquistada a independência era
necessário consolidá-la. Nesse âmbito, foi de fundamental importância a Doutrina
do Destino Manifesto, segundo a qual os norte-americanos se consideravam o “povo
eleito” e tinham a missão deveras difícil de comandar o mundo. Assim a
ampliação do território, nas palavras de Thomas Jefferson era “ordem natural das coisas e o curso manifesto
dos acontecimentos”.
E a nova nação precipitaria no
decorrer do século XIX um incrível processo de expansão territorial para o
oeste e industrialização do norte. Essa expansão territorial está intimamente
ligada como o movimento migratório. Para ter uma ideia, no período entre 1840 e
1930 em torno de 40 milhões de pessoas abandonaram suas pátrias na Europa para se
aventurar na América em busca do sonho americano. A maioria dos imigrantes era ex-artesãos
esmagados pelo ímpeto da revolução nas indústrias europeias, além de uma multidão
de camponeses e pequenos proprietários expulsos e desalojados de sua forma de
vida tradicional.
Para essas pessoas havia o sonho
de trabalho nas indústrias do leste, muitas vezes transformado tal qual na
Europa na constituição de um proletariado – ou exército de mão-de-obra de
reserva. Mas, num segundo momento, o sonho americano converteu-se na possibilidade
de acesso facilitado a terra no “despovoado” oeste, o que indubitavelmente contribuiu
para o surgimento de novos estados e incorporação de novas territorialidades. A
conquista do oeste significava, igualmente, a constituição de um contingente de
produtores de alimentos para as cidades e de matérias-primas para o processo de
industrialização no leste americano.
Em 1862, através da Lei do
Povoamento (Homestead Act), o governo americano legitima essa expansão, ofertando
terras que deveriam ser cultivadas produtivamente pelo período de cinco anos,
quando, então, poderiam ser reclamadas enquanto título de propriedade. A
proposta do governo americano levou quase um milhão de pessoas a se
estabelecerem no litoral do Pacífico. Assim, ao mesmo tempo, a intensa
imigração formou um proletariado urbano no Leste, e por meio de uma “distribuição
de terras” nunca dantes vista formou um campesinato livre no Oeste. Cenário
hostil a que chegaram os colonos atraídos pelo Homestead Act.
Neste contexto de ocupação do
oeste:
Quanto mais fazendeiros, mais graves eram os conflitos com os criadores
de gado. Cercar as plantações era difícil, pela escassez de madeira e pedras.
Até que Joseph Glidden patenteou o arame farpado, em 1873. Produzido em série,
tinha preço acessível. Em menos de uma década, espalhou-se pelo Oeste. Segundo
Walter Webb, o arame farpado foi decisivo para o avanço dos colonos. “Só então
foi possível plantar com certo grau de economia e alguma certeza de não ter as
colheitas comidas pelo gado solto no campo.”
A expansão territorial foi
facilitada também pelo avanço da Revolução Industrial e a incorporação dos bens
de capital, em especial a ferrovia, que possibilitou interligar longas
distâncias no território americano.
Por outro lado, os EUA usaram das
negociações diplomáticas e conseguiram por meio da compra a incorporação de
vastas regiões territoriais. Em 1803 compraram a Louisiana da França por menos
de 12 milhões de dólares (Napoleão precisava de recursos para custear o seu
exército) e em 1819 compraram Flórida que pertencia à Espanha.
Em sua impressionante expansão
territorial e formação de uma grande nação os norte-americanos acabaram por
colonizar a região do Texas, que em teoria pertencia ao México, mas
efetivamente era um estado independente reconhecido pela França e pela
Inglaterra e com a maioria da população de colonos norte-americanos.
Em 1845 o Texas solicitou sua
admissão como parte dos EUA. Os mexicanos não aceitaram e os Estados Unidos
levaram um grande exército para a região com a finalidade de garantir a
incorporação. Contudo os norte-americanos aproveitavam a presença de seu
exército no Texas para forçar os mexicanos a venderem outros territórios, em
especial a Alta Califórnia e o Novo México. A recusa do México acabou servindo
como o estopim para o início de uma guerra contra os mexicanos (1846-48).
A história dos problemas no território texano começou quando a região
ainda pertencia à coroa espanhola - como boa parte do atual sul dos Estados
Unidos, por isso nomes como Flórida, Los Angeles e Santa Bárbara. O governo do
México concedeu licença para que 300 famílias de colonos norte-americanos se
estabelecessem no lugar. Em 1821, o México conquistou sua independência da
Espanha e, dois anos depois, o Congresso votou pela abolição da escravatura,
algo que ia contra a vontade dos estrangeiros estabelecidos no Texas. Apesar do
decreto, os texanos continuavam governando a região de forma praticamente
autônoma e independente. Isso até o general Santa Anna instituir uma
Constituição que centralizava o poder, acabando com leis locais.
Os colonos não desejavam ser submissos ao governo mexicano e rebeliões
começaram a ocorrer, bem como negociações entre o México e os EUA para discutir
as proibições. Tensões e dificuldades surgiram, até que parte do Exército
mexicano foi deslocada para a região e entrou em conflito com os texanos. O
México vivia um momento delicado, no qual o Estado nacional procurava
estabelecer sua organização política, um período crítico após a guerra pela
independência que durou mais de 10 anos e levou à destruição da economia local.
Os texanos, apoiados pelos EUA, conseguiram mais do que derrotar os militares
inimigos: transformaram o general Santa Anna em refém.
Em março de 1836, o Texas proclamou sua emancipação, alegando romper
com a tirania militar, a intolerância religiosa e a falta de escolas na região.
A partir da declaração, os texanos elegeram seu próprio presidente, fizeram uma
nova Constituição - na qual a escravidão era legal - e obtiveram o
reconhecimento dos EUA, país para o qual fariam uma solicitação de anexação em
1845.
(http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/campanha-eua-mexico-redefiniu-suas-fronteiras-794962.shtml)
A guerra acabou sendo vencida
pelos norte-americanos e o México foi obrigado a reconhecer a anexação do
Texas, além de ceder pela bagatela de 15 milhões de dólares um imenso
território, incluindo a Alta Califórnia e o Novo México. Para ter uma ideia, o
México perdeu metade do seu antigo território.
Ainda em 1848 (oficialmente) foi
descoberto ouro na Califórnia o que acelerou ainda mais o processo de ocupação
do oeste, feito por homens considerados desbravadores, pioneiros, em uma
verdadeira imagem do “herói americano”. Contudo, essa ocupação encontraria a
resistência de inúmeros povos indígenas que eram os verdadeiros donos desses
territórios. No filme Dança com lobos podemos vislumbrar exatamente a ideia do
colonizador americano na extrema fronteira e o contato com os povos indígenas.
Nesse âmbito, a Lei de Remoção
dos Índios, em 1830, obrigava os indígenas a migrarem para reservas
específicas, localizadas a oeste do rio Mississipi. Foi prometido que seriam
respeitados os novos limites estabelecidos, o que obviamente, não aconteceu,
levando a inúmeros conflitos.
Como resultado desse contato
entre culturas diferentes ocorreu à efetiva aniquilação da maioria dos povos
indígenas e de seus recursos de sobrevivência, como os búfalos (os norte-americanos
se importavam apenas com a pele dos animais, e exterminaram as manadas). Ao
mesmo tempo aconteceu a afirmação da suposta superioridade do homem branco em
relação aos “peles-vermelhas”, que resultou em preconceitos e na afirmação da
inferioridade da cultura indígena americana.
Abaixo, uma interessante pintura, onde surge em primeiro plano uma mulher angelical, que está carregando a luz da civilização. Junto à civilização temos os colonizadores americano, que estão levando os cabos do telégrafo. Em contraste com os "civilizadores" temos os indígenas, que incivilizados estão sendo expulsos de seus domínios. Na sequência um mapa que ilustra a expansão territorial norte-americana, com a anexação de imensas porções territoriais.
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