Imperialismo (3 de 5): O imperialismo na África

Durante séculos milhões de africanos foram escravizados e encaminhados à América para ter o seu trabalho explorado à exaustão. Contudo, pode-se dizer que até o século XIX não existia muito interesse das potências europeias em relação à ocupação e dominação de grandes extensões territoriais na África. As feitorias (postos de comércio) bastavam aos interesses imediatos dos exploradores.


O único país que tinha efetivamente uma presença marcante no continente era Portugal, ainda com seus resquícios da época de ouro das Grandes Navegações. Essa situação, contudo mudou muito rapidamente. Em 1880 “apenas” 10% do continente africano estavam em mãos europeias, mas nos próximos 20 anos 90% da África eram dominados pelas potências europeias. 

Os ingleses e os franceses capitanearam a ocupação e dominação da África. Marco inicial desse empreendimento neocolonizador foi à ocupação da Colônia do Cabo pelos ingleses e da Argélia pelos franceses. 

Os franceses foram os primeiros também a adentrar o continente, e com isso se apossando de imensos territórios, não suficiente, dominando a população e obrigando-a a cultivar ou explorar produtos de exportação, como a borracha.

Como exemplo da dominação inglesa na África, podemos citar o caso do Egito. A ocupação do Egito está ligada à construção do Canal de Suez (que ficou pronto em 1869, com seus impressionantes 163 km) que tinha a finalidade de ligar o mar Mediterrâneo ao mar Vermelho, ou seja, significava nada menos que a superação da tradicional rota marítima para as Índias, que datava da época das Grandes Navegações.

A obra acabou sendo financiada por franceses e pelos próprios egípcios, mas foram os ingleses, que se aproveitavam do endividamento egípcio (a Inglaterra investiu na construção de quase 1500 km de ferrovias, além de inúmeras outras obras dentro do Egito) para forçar o governo local a vender suas ações do Canal de Suez, o que facilitou a intervenção inglesa tornando o Egito um protetorado, o que acabou perdurando até meados do século XIX. 

O Canal de Suez se tornou a rota marítima mais curta entre a Europa e o Oceano Índico, gerando imensos lucros para seus administradores.

Não podemos esquecer que na dominação europeia, as novas tecnologias bélicas foi um fator que facilitou amplamente a conquista da África e da Ásia pelos europeus. Foi com a utilização da metralhadora, por exemplo, que os franceses abriram caminho para a colonização do Chade, onde apenas 320 soldados da França massacraram mais de 10 mil africanos. 

Para oficializar a partilha da África os europeus se reuniram em 1885 na Conferência de Berlim, onde redesenharam um novo mapa de acordo com seus próprios interesses. Ao fazerem essa nova divisão geopolítica os europeus misturaram culturas, línguas e povos diferentes, ou apartaram populações que tinham uma grande identidade cultural. 

Com o processo de descolonização da áfrica, iniciado somente no pós Segunda Guerra Mundial, esse grande barril de pólvora seria acesso, levando inúmeros países africanos a guerras e a verdadeiros genocídios. 

Guerra dos Bôeres

A Guerra dos Bôeres (fazendeiro em holandês) diz respeito confrontos na região da atual África do Sul entre descendentes de holandeses que emigraram para a África ainda no século XVII e o exército britânico. 

Os ingleses passaram a dominar a região a partir de 1815 pressionando os colonos a abandonarem a região do Cabo e migrarem para o Leste do continente. Em 1866 com a descoberta de diamantes na região ocupada pelos bôeres a situação se tornou extremamente tensa. 

Em 1880-81 explodiu a primeira guerra entre bôeres e os ingleses, onde ocorreu a independência da república do Transvaal e de Orange com o respectivo controle dos bôeres. Contudo, a trégua não duraria e em 1899 tem inicio novamente os combates com a tentativa dos ingleses anexarem as regiões autônomas. 

Os ingleses foram impiedosos com os bôeres, se apossando de suas terras, incendiando aldeias e fazendas e confinando 130 mil civis (a maior parte mulheres e crianças) em 58 campos de concentração. Os bôeres se renderam em 1902 quando ocorreu a criação da União Sul-Africana (a atual África do Sul).

O Congo de Leopoldo II

No século XIX, enquanto franceses, ingleses e outras potências imperialistas ambicionavam a conquista de territórios na Ásia, Leopoldo II da Bélgica tratou de se apossar de uma grande área no centro da África.

Desejoso de tornar a Bélgica um império colonial, Leopoldo ambicionava ocupar as terras do Congo, contudo o Parlamento belga não concordava com as intenções do rei. Para dar continuada a seus planos, Leopoldo formou uma sociedade privada em comandada por ele, e com a justificativa de acabar com a escravidão na África, reuniu exploradores e cientistas que mapearam riquezas e ocuparam a vasta região em torno da bacia do rio Congo. 

Apesar de usar como argumento para a ocupação a necessidade de “civilizar”, levar o progresso e acabar com a escravidão, na prática, Leopoldo II utilizava mão de obra forçada e sem qualquer tipo de remuneração, cometendo tortura e massacrando milhares de pessoas. 

Como exemplo da mais cruel ação imperialista objetivando lucro, os belgas que administravam as possessões de Leopoldo II sequestravam as mulheres das aldeias e forçavam os homens a irem para a floresta extrair a sua cota mensal de borracha. Se não conseguissem cumprir a meta mensal decepavam lhe a mão direita, não poupando sequer as crianças. Em 1896 um jornal alemão noticiava que mais de mil mãos haviam sido decepadas em um único dia. 

Com seu exército de 90 mil homens, Leopoldo impunha seu domínio com impiedosa crueldade. Algumas estimativas indicam que quando o rei belga ocupou a região do Congo a população girava em torno de 20 milhões e 40 anos depois a população havia recuado para 10 milhões. 


Abaixo a cartoon alemã de 1890 retrata um suposto "domingo a Tarde na África Ocidental". A imagem retrata os africanos ligados à selva, afirmando assim sua característica de um povo incivilizado, ligado a barbárie.

A imagem abaixo ilustra a natureza absurdamente violenta da ação imperialista na África.

Outro magnífico trabalho do brasileiro J. Carlos. Nessa cartoon temos uma inversão dos papéis comumente atribuídos a negros e brancos.


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4 Comentários

  1. A África é um continente muito grande onde antigamente foi colonizado e explorado por vários países,dois dos países colonizadores que tinham muito poder político,econômico e militar
    eram Inglaterra e França.Por causa do grande poder militar de Inglaterra e França conseguiram rapidamente dominar grandes partes da África.Mais o principal objetivo era a criação de zonas de influencia econômicas para desenvolver o capitalismo.
    Nome:Leonardo Stein Campelo
    Ano:8ºAno Castro Alves

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  2. o texto é bem interessante,pois fala de todos os acontecimentos historicos sobre o imperalismo da africa.

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  3. a Africa tinhaMuitas riquesas sendo assim muitos países disputavam territorios.
    Como no comentario acima a França e a Inglaterra por ter um poder militar dominaram muitas partes da Africa.
    Isis e Helena
    8ºcora coralina
    Colegio Ser Sorocaba

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  4. a Africa tinhaMuitas riquesas sendo assim muitos países disputavam territorios.
    Como no comentario acima a França e a Inglaterra por ter um poder militar dominaram muitas partes da Africa.
    Isis e Helena
    8ºcora coralina
    Colegio Ser Sorocaba

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