Características do sistema colonial
De que forma foi organizada a economia e as relações de trabalho na América portuguesa? Entre as principais características da colonização, pode-se citar:
- Em primeiro lugar, da mesma forma que a colonização espanhola, no Brasil também se utilizou o “Pacto Colonial”. Através dessa relação desigual entre colônia e metrópole, assegurava-se o exclusivismo comercial, ou seja, Portugal tinha o monopólio da compra e da produção colonial e, igualmente, da venda de mercadorias na América portuguesa.
- A produção era destinada ao mercado externo. A colonização portuguesa tinha um caráter de complementaridade, ou seja, os recursos oriundos da exploração se destinavam ao mercado externo, complementando a economia metropolitana.
- Como o objetivo era lucrar, os portugueses desenvolveram culturas em larga escala e com baixo custo produtivo, ou seja, utilizavam os chamados latifúndios (grandes extensões de terras), com o desenvolvimento da monocultura. Ao optar pela monocultura, a coroa portuguesa inviabilizou em grande parte o desenvolvimento de um mercado interno que tivesse como base as pequenas e médias propriedades.
- Utilização preponderante da mão-de-obra escava africana, negócio altamente lucrativo.
- Por fim, altamente nocivo ao desenvolvimento colonial, a metrópole adotou a proibição em relação à instalação de manufatoras. O objetivo era garantir, através do Pacto Colonial, a venda de mercadorias sem qualquer tipo de concorrência por parte dos colonos.
Cena da época colonial, onde aparece a figura do "escravo de ganho", isto é, um escravo que desempenhava as mais diversos funções nas cidades coloniais.
Revolta de Beckman
A Revolta de Beckman está relacionada com essa estrutura colonial brasileira. Ocorreu no Maranhão em 1684. Desde o século XVII, a região enfrentava uma séria crise econômica, que resultava na impossibilidade da importação de escravos e como consequência, na falta de mão-de-obra para as lavouras. Como alternativa para suprir a mão-de-obra escrava, os senhores de engenho locais organizavam invasões aos aldeamentos organizados pelos jesuítas com o objetivo de capturar indígenas. Os jesuítas, tendo em vista as agressões, recorreram à Coroa, que passou a proibir terminantemente a escravização dos indígenas e, para tentar resolver o problema da mão-de-obra, criou a Companhia de Comércio do Maranhão, que ficaria responsável pelo fornecimento de escravos. Na prática, a Companhia praticou o monopólio e era acusada de vender produtos deteriorados, não fornecer escravos e praticar preços exorbitantes.
Indignados com a proibição da escravização dos indígenas e com a ação dos jesuítas, e insatisfeitos com a atuação da Companhia de Comércio, liderados pelos irmãos Beckman e por Jorge Sampaio (grandes senhores de engenho), um grupo de revoltosos saquearam os armazéns da Companhia, derrubaram o governo local e organizaram um governo provisório.
A repressão da coroa aconteceu rapidamente. Sem apoio de outras capitanias, os revoltosos foram sufocados pelos efetivos militares portugueses. As principais lideranças do movimento, entre elas, Manuel Beckman (que tentou fugir, mas foi entregue pelo próprio afilhado, mediante promessa de recompensa) e Jorge Sampaio, foram enforcados.
Beckman no Sertão do Alto Mearim, obra de Antônio Parreiras, representando um dos irmãos Beckman.
Guerra dos Emboabas
A Guerra dos Emboabas foi travada na região central de Minas Gerais no período de 1707 e 1709. O conflito colocava em questão o direito de exploração das recém descobertas jazidas de ouro. De um lado estavam os bandeirantes da Capitania de São Vicente, descobridores das minas, e também, conhecidos como vicentinos ou paulistas. Os bandeirantes queriam a exclusividade da exploração das minas, do outro lado havia um grupo composto de portugueses e indivíduos de várias partes do Brasil (chamados de emboabas, que significava estrangeiros), em especial, Bahia e Pernambuco, que eram atraídos pela febre do ouro.
A rivalidade entre os dois grupos levou a uma série de enfrentamentos, com a morte de centenas de pessoas. Os emboabas, em número cada vez maior conseguiram derrotar os paulistas e expulsá-los da região das minas.
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