Globalização (4 de 6) - Da Revolução Industrial ao começo do século XX: o capitalismo industrial



A "segunda fase" da globalização relaciona-se com o advento da Revolução Industrial. No final do século XVIII e durante o século XIX, primeiramente a Inglaterra, e depois outras potências, passaram por um intenso processo de industrialização, onde a tecnologia impulsionou os interesses da burguesia industrial mundo afora, dando origem a uma onda imperialista, ou neocolonialista. 

O termo imperialismo deriva do latim, e significa, “ter o poder de mandar”. Em poucas palavras, trata-se da imposição de um controle direto ou indireto de um estado, povo ou nação sobre outro. 

A história está repleta de exemplos de grandes conquistadores que adotaram práticas imperialistas para dominarem imensas extensões territoriais, riquezas e povos. Um exemplo de um grande império na antiguidade foi o de Alexandre o Grande, que dominou as cidades gregas e subjugou a Ásia, tendo aos seus pés boa parte do mundo conhecido da época. 

No século XIX, contudo, o imperialismo vai adquirir uma nova roupagem, buscando atender os interesses da burguesia industrial e financeira. A entrada de novos países na corrida industrial fez com que se ampliasse a busca de territórios que fornecessem matérias-primas e que se constituíssem enquanto mercados consumidores e áreas para investimentos de capitais excedentes. 

No imperialismo de finais do século XIX o Estado tinha, portanto, a função de conquistar territórios e povos que facilitassem a expansão do capital e da industrialização do país. Nesse sentido, era bastante comum que os Estados europeus mandassem tropas para submeter os povos nativos e organizar e administrar as regiões dominadas. Esse ímpeto imperialista levará em especial à partilha do continente Asiático e Africano. 

Para dominar e subjugar imensas regiões e milhares de pessoas era necessário algumas justificativas. Elas existiam e eram apoiadas por amplos setores da sociedade dos países imperialistas que se sentiam superiores às populações dominadas. Entre as falácias que justificavam essa dominação pode-se citar:

A necessidade de levar o progresso e a civilidade para as nações atrasados. Segundo essa lógica, os povos dominados eram considerados atrasados e incivilizados e cabia às nações europeias a missão de civilizar essas regiões errantes.
O etnocentrismo, que se baseava na ideia de que alguns povos eram superiores a outros. 
Darwinismo social. Simulacro na teoria da evolução de Darwin, defendia que a teoria da seleção natural aplicava-se às sociedades humanas, e neste caso, os europeus eram mais evoluídos e progrediam mais rapidamente, tendo o direito, portanto, de quando em contato com os “selvagens” subjugá-los e crescer à custa de seu sacrifício. Ou seja, por serem menos evoluídos estaria condenada a extinção.

Trata-se, portanto, de uma expansão do capital industrial em busca de matérias-primas, mercados consumidores e locais propícios para rentabilizar os investimentos. 

O século XVIII é marcado também pela expansão das ideias liberais da burguesia, que passaram a dominar a maioria dos países europeus. Em termos de legitimação ideológica temos a fundamental contribuição de Adam Smith, em especial com a sua obra “A riqueza das nações” (1776), onde defendia o liberalismo na economia, por exemplo, com a teoria da oferta e da procura, onde sugeria a existência de uma “mão invisível” do mercado, que seria responsável por uma regulação automática das atividades produtivas. A mão do mercado faria o papel de redirecionar as forças produtivas de acordo com as necessidades da população, e a concorrência entre os produtores seria benéfica para toda a sociedade.

Ainda, entre as características dessa fase da globalização, pode-se citar:

Uma nova postura em relação à escravidão. Uma vez que se procurava expandir os mercados em busca de consumidores, a escravidão passa a ser vista como retrógrada, ou seja, as pessoas escravizadas não se constituem plenamente na concepção de consumidores de mercadorias. 
Migração de milhões de europeus para América.
Novas invenções que aproximam as pessoas, como a locomotiva, o barco a vapor, o telégrafo e o telefone e o avião.

A charge retrata um dos principais defensores da política neocolonialista na Europa: Cecil Rodhes. Observe que na imagem Rodhes procura estabelecer o controle de toda a África.

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