Contenda entre os estados do Paraná e Santa Catarina, por uma região rica em erva-mate e madeira, entre os anos de 1912 e 1916. A Guerra do Contestado foi a expressão de uma grave crise social que se tornou uma guerra santa.
Para entender o caráter religioso dos conflitos que envolveram a região do Contestado devemos nos remeter a figura do monge João Maria, ou, mais especificamente, dos três monges João Maria, que pregavam e exerciam grande influência religiosa na região contestada. O primeiro monge começou a pregar na região entre 1844 e 1870.
No final do século XIX surge um segundo monge, que adota o mesmo nome, fazendo previsões, inclusive, que ressuscitaria. Esse monge acaba desaparecendo, por volta de 1908 e que em 1912 surge um terceiro personagem que adota o mesmo nome, e que então teria ressuscitado para guiar os fiéis. Supostamente milagreiro, o monge torna-se um santo para as pessoas doentes e necessitadas.
Adicione a esse clima de devoção religiosa uma grande quantidade de trabalhadores que haviam sido demitidos pela companhia Brazil Railway, de Farquhar (o mesmo que construiu a ferrovia do diabo, ou a famosa Madeira-Mamoré, que foi tema de uma minissérie da Rede Globo) que estava construindo a ferrovia São Paulo - Rio Grande, que cortava a região. Farquhar recebeu o direito de explorar 15 km a cada lado da ferrovia, o que ocasionou a expulsão de um grande número de sertanejos que há muito tempo cultivava e dependia dessas terras para a subsistência.
Todos esses indivíduos, desesperados, passaram a ouvir as pregações do monge, e decidiram organizar uma comunidade religiosa onde era proibido o comércio e tudo pertencia a todos – ao menos supostamente. O monge decide, então, se opor a recém proclamada república brasileira, nomeando imperador do Brasil um fazendeiro analfabeto e conferindo independência à sua comunidade religiosa.
O governo brasileiro decide enviar tropas para a região do Contestado. O monge por sua parte, prevendo o que poderia acontecer parte para a localidade de Irani (hoje Palmas) levando consigo os seus seguidores. Varias tropas do Regimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os invasores a voltar para Santa Catarina. Acontece em Irani um grande conflito, onde morre o monge João Maria e o comandante das tropas paranaenses João Gualberto.
Mesmo após a morte do monge a resistência dos sertanejos continuou, derrotando em várias oportunidades as forças do governo, e, inclusive saqueando cartórios, cidades e queimando serrarias que pertencia a Brazil Railway. Os rebeldes já dominam, nesta altura dos acontecimentos, cerca de 25000 km/2 da região do Contestado.
O governo contra-ataca. Em setembro de 1914, chefiando cerca de 7000 homens e com ordens de sufocar a rebelião e pacificar a região a qualquer custo, chega a Curitiba o general Setembrino de Carvalho.
Nas proximidades do local dos conflitos, o exército brasileiro construiu o Campo da Aviação de Rio Caçador, onde hoje é o município de Caçador. Como apoio de operações de guerra, pela primeira vez na história da América Latina foi usado aviões nos combates, inclusive, para bombardear civis.
Setembrino, como tática, evita o combate direto e procura cercear os sertanejos impedindo o recebimento de alimentos. Cerco fechado, sem pressa deixa os revoltosos lutarem contra si mesmos, e em 8 de fevereiro de 1915 as forças de Setembrino atacam. De um lado as forças do governo, bem armadas, bem alimentadas, de outro, rebeldes também armados, mas famintos e sem ânimo para resistir muito tempo.
Mesmo assim os sertanejos resistem e somente em 5 de abril, depois do grande assalto a Santa Maria, um dos generais registra que "tudo foi destruído, subindo o número de habitações destruídas a 5000 (...) as mulheres que se bateram como homens foram mortas em combate (...) o número de jagunços mortos eleva-se a 600. Os redutos de Caçador e de Santa Maria estão extintos. Não posso garantir que todos os bandidos que infestam o Contestado tenham desaparecido, mas a missão confiada ao exercito está cumprida".
Alguns poucos sobreviventes conseguem fugir, escondendo-se por 8 meses nas matas da região, ou fugindo para outras cidades. Na data de 12 de outubro de 1916, os governadores Filipe Schmidt (de Santa Catarina) e Afonso de Camargo (do Paraná) assinam um acordo que coloca fim as disputas pela região.
Em cinco anos de guerra, 9 mil casas foram queimadas e 20 mil pessoas mortas.
Aeroplano utilizado durante a Guerra do Contestado com a finalidade de combater os sertanejos.
Mapa da região contestada por Paraná e Santa Catarina, onde se desenvolveu os confrontos com as tropas militares nacionais.
Para entender o caráter religioso dos conflitos que envolveram a região do Contestado devemos nos remeter a figura do monge João Maria, ou, mais especificamente, dos três monges João Maria, que pregavam e exerciam grande influência religiosa na região contestada. O primeiro monge começou a pregar na região entre 1844 e 1870.
No final do século XIX surge um segundo monge, que adota o mesmo nome, fazendo previsões, inclusive, que ressuscitaria. Esse monge acaba desaparecendo, por volta de 1908 e que em 1912 surge um terceiro personagem que adota o mesmo nome, e que então teria ressuscitado para guiar os fiéis. Supostamente milagreiro, o monge torna-se um santo para as pessoas doentes e necessitadas.
Adicione a esse clima de devoção religiosa uma grande quantidade de trabalhadores que haviam sido demitidos pela companhia Brazil Railway, de Farquhar (o mesmo que construiu a ferrovia do diabo, ou a famosa Madeira-Mamoré, que foi tema de uma minissérie da Rede Globo) que estava construindo a ferrovia São Paulo - Rio Grande, que cortava a região. Farquhar recebeu o direito de explorar 15 km a cada lado da ferrovia, o que ocasionou a expulsão de um grande número de sertanejos que há muito tempo cultivava e dependia dessas terras para a subsistência.
Todos esses indivíduos, desesperados, passaram a ouvir as pregações do monge, e decidiram organizar uma comunidade religiosa onde era proibido o comércio e tudo pertencia a todos – ao menos supostamente. O monge decide, então, se opor a recém proclamada república brasileira, nomeando imperador do Brasil um fazendeiro analfabeto e conferindo independência à sua comunidade religiosa.
O governo brasileiro decide enviar tropas para a região do Contestado. O monge por sua parte, prevendo o que poderia acontecer parte para a localidade de Irani (hoje Palmas) levando consigo os seus seguidores. Varias tropas do Regimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os invasores a voltar para Santa Catarina. Acontece em Irani um grande conflito, onde morre o monge João Maria e o comandante das tropas paranaenses João Gualberto.
Mesmo após a morte do monge a resistência dos sertanejos continuou, derrotando em várias oportunidades as forças do governo, e, inclusive saqueando cartórios, cidades e queimando serrarias que pertencia a Brazil Railway. Os rebeldes já dominam, nesta altura dos acontecimentos, cerca de 25000 km/2 da região do Contestado.
O governo contra-ataca. Em setembro de 1914, chefiando cerca de 7000 homens e com ordens de sufocar a rebelião e pacificar a região a qualquer custo, chega a Curitiba o general Setembrino de Carvalho.
Nas proximidades do local dos conflitos, o exército brasileiro construiu o Campo da Aviação de Rio Caçador, onde hoje é o município de Caçador. Como apoio de operações de guerra, pela primeira vez na história da América Latina foi usado aviões nos combates, inclusive, para bombardear civis.
Setembrino, como tática, evita o combate direto e procura cercear os sertanejos impedindo o recebimento de alimentos. Cerco fechado, sem pressa deixa os revoltosos lutarem contra si mesmos, e em 8 de fevereiro de 1915 as forças de Setembrino atacam. De um lado as forças do governo, bem armadas, bem alimentadas, de outro, rebeldes também armados, mas famintos e sem ânimo para resistir muito tempo.
Mesmo assim os sertanejos resistem e somente em 5 de abril, depois do grande assalto a Santa Maria, um dos generais registra que "tudo foi destruído, subindo o número de habitações destruídas a 5000 (...) as mulheres que se bateram como homens foram mortas em combate (...) o número de jagunços mortos eleva-se a 600. Os redutos de Caçador e de Santa Maria estão extintos. Não posso garantir que todos os bandidos que infestam o Contestado tenham desaparecido, mas a missão confiada ao exercito está cumprida".
Alguns poucos sobreviventes conseguem fugir, escondendo-se por 8 meses nas matas da região, ou fugindo para outras cidades. Na data de 12 de outubro de 1916, os governadores Filipe Schmidt (de Santa Catarina) e Afonso de Camargo (do Paraná) assinam um acordo que coloca fim as disputas pela região.
Em cinco anos de guerra, 9 mil casas foram queimadas e 20 mil pessoas mortas.
Aeroplano utilizado durante a Guerra do Contestado com a finalidade de combater os sertanejos.
Mapa da região contestada por Paraná e Santa Catarina, onde se desenvolveu os confrontos com as tropas militares nacionais.
Tem mais sobre a República Velha! É só continuar lendo!
1 Comentários
Este texto foi o melhor que eu encontrei. Consegui tirar todas as minhas dúvidas sobre essa Guerra.
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