Entre os gregos, o trabalho era tido como a expressão da miséria humana, portanto, desprezado. Para famosos pensadores como Aristóteles e Platão o trabalho estava ligado com o campo da necessidade, como, por exemplo, alimentar-se e cobrir-se. O próprio termo “executivo” tão admirado nos dias de hoje soaria negativo para os pensadores gregos na media que deriva do ato de executar uma determinada tarefa.
Tratava-se de uma nítida separação entre o mundo do "labor", ou o mundo da "necessidade" e o mundo regido pela "razão".
Conseqüentemente, a atividade digna dos homens livres era o "ócio". Neste sentido, a noção de cidadania grega estava intimamente ligada com o trabalho, ou seja, somente as pessoas que não precisassem trabalhar, ou ocupar-se das atividades ligadas ao campo da necessidade, poderiam de fato se considerar cidadãos plenos e participar efetivamente da politike, isto é, dos assuntos da pólis.
O problema é que para poder se dedicar a essa atividade os gregos necessitavam de outros indivíduos executando o trabalho braçal, e estes indivíduos na maioria das vezes eram escravos – inclusive, por dívidas.
Em comparação com os dias de hoje, podemos perceber na sociedade grega uma diferença fundamental em relação à noção de cidadania e democracia. Os gregos inventaram o ideal de democracia, e o exerciam de forma plena, contudo, se podemos dizer que a democracia era plena, a cidadania não. Poucos indivíduos dentro da sociedade grega tinham o "ócio" necessário para se tornarem cidadãos plenos e decidir democraticamente os assuntos das pólis gregas. A sociedade grega era, portanto, extremamente escravista.
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