Inspirado
pelos ideais da Revolução Francesa “liberdade, igualdade e fraternidade” o
Estado liberal surgiu no século XVIII como reação ao poder centralizado na
figura do rei. Deve-se destacar que no absolutismo a monarquia detinha o
controle das atividades econômicas mais importantes do país, utilizando-se da
prática dos monopólios, o que contrariava os interesses da burguesia que
ansiava por maiores possibilidades de desenvolvimento econômico.
- Esfera política. Talvez a principal característica do Estado liberal seja a crença acerca da soberania popular, ou seja, o poder emana da vontade do povo. Entre os pensadores que fundamentaram o Estado liberal, destacam-se:
-
John Locke. Diferente do Leviatã de Hobbes, Locke acreditava que o Estado (em
especial o poder legislativo) deve resguardar as liberdades individuais e a
propriedade privada (função primordial do Estado).
-
Montesquieu. Questionou o poder absolutista ao propor a divisão dos poderes, o
que foi fundamental para o desenvolvimento da limitação do poder político.
- Esfera econômica. Liberdade, em especial no campo econômico, por exemplo, liberdade de mercado, livre concorrência, e a liberdade na estipulação dos contratos entre o capital (empregador) e o trabalhador, sem levar em conta as antigas corporações de ofício, que procuravam proteger os trabalhadores de determinado segmento (por exemplo, sapateiros). É claro, a propriedade privada se firma como um direito inalienável.
Os
primeiros pensadores que atuavam no campo da economia e passaram a questionar o
mercantilismo defendendo a ideia da auto regulação das atividades econômicas
ficaram conhecidos como fisiocratas. A palavra fisiocracia da deriva do grego,
que significa algo como “governo da natureza”. Os fisiocratas defendiam o
“direito natural”, onde todos os indivíduos teriam o direito de usufruir
plenamente de suas capacidades, tendo como principal restrição o respeito à
vida e aos bens dos outros indivíduos.
Para
o pensamento liberal o estado não deve intervir nas atividades econômicas,
trata-se do “laissez-faire, laissez-passer” (“deixar fazer, deixar passar”) que
sintetiza a concepção liberal de que a economia possui as suas próprias leis,
ou o que Adam Smith chamou de “mão invisível do mercado”, que seria responsável
pela regulação dos mercados das atividades econômicas.
Um
bom exemplo da “mão invisível do mercado” e a teoria da “oferta e da procura”
de Adam Smith: se existe um produto em abundância a tendência e do preço baixar
e se outro produto e raro e difícil de encontrar os indivíduos concordará em
pagar um preço maior. A mão do mercado faria o papel de redirecionar as forças
produtivas de acordo com as necessidades da população, e a concorrência entre
os produtores seria benéfica para toda a sociedade, levando, inclusive, ao
progresso dos indivíduos e da nação.
- Esfera social. O Estado enquanto “guardião da ordem” tendo como principal responsabilidade manter a segurança e a ordem social, contudo, sem intervir nas relações entre os indivíduos. Separação entre o público e o privado e o individualismo. Garantia das liberdades civis e politicas (liberdade de expressão, religiosa) a igualdade perante a lei e a ordem pública (interna, proporcionando, principalmente o acúmulo de capitais, e externa, contra Estados inimigos).
O
Estado liberal proporcionou grandes acúmulos de capital e a liberalização das
relações entre patrões e empregados, impulsionadas pelo momento histórico da
Revolução Industrial ocasionou os conflitos entre os trabalhadores e os
capitalistas. Como marcação histórica, podemos dizer que o Estado liberal foi o
modelo hegemônico até o início do século XX.
Contudo,
desde o final do século XIX, o desenvolvimento do capitalismo monopolista, o
imperialismo e as disputas pelos mercados consumidores, as demandas e as lutas
dos trabalhadores e no inicio do século XX e a eclosão da Grande Guerra
explicitariam todo o questionamento a esse modelo de estrutura social.
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