Os pensadores do chamado
socialismo científico entre eles Marx e Engels vão criticar duramente o socialismo
utópico. Segundo eles os escritos dos utópicos careciam de fundamentação
científica, deixando-se levar por sonhos e pautando-se no irreal.
Ao contrário dos chamados
“utópicos” os pensadores do socialismo científico dirão que não
se preocupam em pensar uma sociedade ideal, mas sim compreender
a sociedade vigente, como ela se fundamenta e como se originou.
Assim, Marx e Engels estudando
as mudanças
pela qual a sociedade passou ao longo do tempo afirmaram que o capitalismo,
inevitavelmente, seria superado e destruído, e que esse papel caberia à
classe
trabalhadora, que ao tomar conhecimento de sua força, teria um papel
decisivo na conformação de uma nova ordem social. Desta forma, os
trabalhadores, como uma classe revolucionária, colocariam abaixo a ordem
capitalista.
Entre as críticas dirigidas aos
utópicos pode-se destacar:
- Paternalismo, através da qual consideram a necessidade de conduzir a classe operária, então sofredora, à sua emancipação. Nesse âmbito, não se reconhece a potencialidade da classe operária como condutora de seu próprio destino, tampouco, o conflito de classes de classes e o papel dos trabalhadores na instauração de uma nova ordem.
- Pacifista/conservadora, na medida em que pretendem atingir seus objetivos por via pacífica, através da criação de comunidades autônomas, esvaziando todo o potencial do proletariado enquanto classe social revolucionária.
- Moralistas, ao passo em que pretendem criar “exemplos” bem sucedidos, que passariam a ser seguidos.
O marxismo
Vamos analisar a seguir algumas
das principais ideias de Marx (1818-1883) e Engels (1820-1895), os
principais representantes do pensamento socialista, que terão grande influência
nos movimentos revolucionários do final do século XIX e início do XX.
Teoria da mais-valia
Mostra a maneira pela quais os
trabalhadores são explorados. É a diferença entre o valor total da riqueza
produzida pelo trabalhador e o salário que ele recebe.
Materialismo Histórico
São as relações econômicas e as
relações de produção da sociedade que determinam os acontecimentos históricos,
ou de outra forma, trata-se da explicação da história a partir dos fatores
materiais (as condições de existências, os fatores econômicos e técnicos). Por
exemplo, são as relações econômicas do feudalismo (agricultura, ruralismo,
etc.) que formatam toda a sociedade e a cultura feudal.
Para Marx a sociedade está
estruturada em dois níveis:
- Infraestrutura – Trata-se da base econômica (relação do ser humano com a natureza criando condições para a sua existência, além das relações entre os indivíduos: como a propriedade e os objetos de trabalho).
- Superestrutura – Trata-se do nível político (a estrutura estatal e as leis, que são utilizadas como instrumento de opressão pela classe dominante), e ideológico (como a religião, a educação, a filosofia, a ciência, a literatura a arte, que acaba refletindo os valores da classe dominante).
Cabe destacar,
que se a infraestrutura é o que determina a superstrutura, a mudança social
não deve partir da religião, educação ou filosofia, tampouco das leis ou do
próprio Estado, mas sim de uma profunda alteração na forma como os indivíduos
produzem a sua existência.
Relações de produção, forças produtivas e modo de produção
- Relações de produção – Dizem respeito à relação entre o ser humano e as condições naturais (a forma como se organiza e as técnicas utilizadas).
- Forças produtivas – Tudo que é necessário para o processo produtivo, englobando elementos como o clima, a água, a matéria-prima, a mão-de-obra e as ferramentas de trabalho.
- Modo de produção – É a conjugação das forças produtivas levando a determinadas relações de produção em determinado contexto histórico. Por exemplo, no capitalismo temos as fábricas, maquinas (forças produtivas) levando a existência do capitalista, dono do capital e do trabalhador assalariado (relações de produção).
Teoria da Luta de Classes
Na história há um continuo conflito
entre explorados e exploradores. As diferentes condições econômicas da
história sempre colocaram frente a frente esses grupos antagônicos:
- Sociedades primitivas – Época em que os se humano tinha que enfrentar os desafios impostos pela natureza. Nessa época os homens agiriam em conjunto e os meios de produção (basicamente associados a caça) são de propriedade comum, não existindo a ideia de posse ou propriedade privada.
- Modo de produção patriarcal – Marcado pelo domínio da agricultura e domesticação de animais. Nessa fase existe a possibilidade da estocagem, surgindo à concepção de propriedade e a diferenciação de classe (com a autoridade do patriarca).
- Modo de produção escravista – Aumento da produção e utilização de escravos, surgindo à propriedade privada dos meios de produção e dois grupos antagônicos: senhores e escravos.
- Modo de produção feudal – Tem seu surgimento com a crise econômica ocasionada pelo próprio sistema baseado na escravidão. Para o reordenamento da economia surgem novas relações de produção e classes sociais, com os senhores feudais e os servos.
- Modo de produção capitalista – Do desgaste do sistema feudal e dos antagonismos entre os senhores feudais e os servos surgem o capitalismo, que dá lugar aos burgueses (que detém o capital) e o proletariado (que é obrigado a vender a sua força de trabalho).
Materialismo Dialético
Todas as épocas contêm em si próprios
os gemes de sua destruição em um processo dialético que compreende a
tese, a antítese e a síntese. Durante toda a história a luta de classes fez com
que surgissem novas relações econômicas, que segundo Marx, se sucederá até a
instalação do comunismo (escravismo, feudalismo, capitalismo,
socialismo e por fim comunismo).
Marx e Engels afirmavam que o socialismo
seria uma etapa para se alcançar o comunismo. O comunismo representaria
a etapa
máxima da evolução de toda a história, onde não haveria divisão em classes
e inexistiria
a propriedade privada, mesmo que do Estado. Se não existe a propriedade
privada, a sociedade comunista seria verdadeiramente igualitária uma vez
que não haveria mais a exploração do homem pelo próprio homem.
Capitalismo
Governantes - "Nós dominamos vocês!"
Igreja - "Nós enganamos vocês!"
Militares e/ou policiais - "Nós atiramos em vocês"
Burguesia - "Nós comemos por vocês!"
Plebe - "Nós trabalhamos por todos, nós alimentamos todos!..."
Governantes - "Nós dominamos vocês!"
Igreja - "Nós enganamos vocês!"
Militares e/ou policiais - "Nós atiramos em vocês"
Burguesia - "Nós comemos por vocês!"
Plebe - "Nós trabalhamos por todos, nós alimentamos todos!..."
Abaixo uma cartoon que apesar de simplificar ilustra a teoria de mais-valia de Marx.
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