Pensamento Socialista (3 de 4) - Socialismo Científico


Os pensadores do socialismo científico, entre eles Marx e Engels, criticaram duramente o socialismo utópico. Segundo eles, os escritos dos utópicos careciam de fundamentação científica, deixando-se levar por sonhos e pautando-se no irreal. 

Ao contrário dos chamados “utópicos”, os pensadores do socialismo científico afirmavam que não se preocupam em pensar uma sociedade ideal, mas sim compreender a sociedade vigente, como ela se fundamenta e como se originou.

Assim, Marx e Engels, estudando as mudanças pela qual a sociedade passou ao longo do tempo, afirmavam que o capitalismo, inevitavelmente, seria superado e destruído, e que esse papel caberia a classe trabalhadora, que ao tomar conhecimento de sua força teria um papel decisivo na conformação de uma nova ordem social. Desta forma, os trabalhadores, como uma classe revolucionária, colocariam abaixo a ordem capitalista.

Entre as críticas dirigidas aos utópicos pode-se destacar:

O Paternalismo

Diziam que os utópico consideravam a necessidade de conduzir a classe operária à sua emancipação. Nesse âmbito, não se reconhece a potencialidade da classe operária como condutora de seu próprio destino, tampouco, o conflito de classes de classes e o papel dos trabalhadores na instauração de uma nova ordem.

Pacifista/conservadora

Na medida em que pretendem atingir seus objetivos por via pacífica, através da criação de comunidades autônomas, esvaziando todo o potencial do proletariado enquanto classe social revolucionária.

Moralistas

Ao passo em que pretendem criar “exemplos” bem sucedidos, que passariam a ser seguidos.

O marxismo

Vamos analisar a seguir algumas das principais ideias de Marx (1818-1883) e Engels (1820-1895), os principais representantes do pensamento socialista, que terão grande influência nos movimentos revolucionários do final do século XIX e início do XX.

Teoria da mais-valia

Mostra a maneira pela quais os trabalhadores são explorados. É a diferença entre o valor total da riqueza produzida pelo trabalhador e o salário que ele recebe.

Materialismo Histórico

São as relações econômicas e as relações de produção da sociedade que determinam os acontecimentos históricos. Trata-se da explicação da história a partir dos fatores materiais (as condições de existências e os fatores econômicos). Por exemplo, são as relações econômicas do feudalismo (agricultura, ruralismo, etc.) que formatam toda a sociedade e a cultura feudal.

Para Marx a sociedade está estruturada em dois níveis:

Infraestrutura – Trata-se da base econômica, da relação do ser humano com a natureza criando condições para a sua existência, além das relações entre os indivíduos: como a propriedade e os objetos de trabalho.

Superestrutura – Trata-se do nível político (a estrutura estatal e as leis, que são utilizadas como instrumento de opressão pela classe dominante), e ideológico (como a religião, a educação, a filosofia, a ciência, a literatura a arte, que acaba refletindo os valores da classe dominante).

Cabe destacar, que se a infraestrutura é o que determina a superestrutura, a mudança social não deve partir da religião, educação ou filosofia, tampouco das leis ou do próprio Estado, mas sim de uma profunda alteração na forma como os indivíduos produzem a sua existência.

Relações de produção, forças produtivas e modo de produção

Relações de produção – Dizem respeito à relação entre o ser humano e as condições naturais (a forma como se organiza e as técnicas utilizadas).

Forças produtivas – Tudo que é necessário para o processo produtivo, englobando elementos como o clima, a água, a matéria-prima, a mão-de-obra e as ferramentas de trabalho.

Modo de produção – É a conjugação das forças produtivas levando a determinadas relações de produção em determinado contexto histórico. Por exemplo, no capitalismo temos as fábricas e máquinas (forças produtivas), levando a existência do dono do capital e do trabalhador assalariado (relações de produção).

Teoria da Luta de Classes

Na história há um continuo conflito entre explorados e exploradores. As diferentes condições econômicas da história sempre colocaram frente a frente esses grupos antagônicos:

Sociedades primitivas – Época em que os se humano tinha que enfrentar os desafios impostos pela natureza. Nessa época os homens agiriam em conjunto e os meios de produção são de propriedade comum, não existindo a ideia de posse ou propriedade privada.

Modo de produção patriarcal – Marcado pelo domínio da agricultura e domesticação de animais. Nessa fase existe a possibilidade da estocagem, surgindo à concepção de propriedade e a diferenciação de classe (com a autoridade do patriarca).

Modo de produção escravista – Aumento da produção e utilização de trabalhadores escravizados, surgindo à propriedade privada dos meios de produção e dois grupos antagônicos: senhores e escravos.

Modo de produção feudal – Tem seu surgimento com a crise econômica ocasionada pelo próprio sistema baseado na escravidão. Para o reordenamento da economia surgem novas relações de produção e classes sociais, com os senhores feudais e os servos.

Modo de produção capitalista – Do desgaste do sistema feudal e dos antagonismos entre os senhores feudais e os servos surge o capitalismo, que dá lugar aos burgueses (que detém o capital) e o proletariado (que é obrigado a vender a sua força de trabalho).

Materialismo Dialético

Todas as épocas contêm em si próprios os gemes de sua destruição em um processo dialético que compreende a tese, a antítese e a síntese. Durante toda a história, a luta de classes fez com que surgissem novas relações econômicas, que segundo Marx, seguem uma linha sucedendo-se, até chegar a instalação do comunismo (escravismo, feudalismo, capitalismo, socialismo e por fim comunismo).

Marx e Engels afirmavam que o socialismo seria uma etapa para se alcançar o comunismo. O comunismo representaria a etapa máxima da evolução de toda a história, onde não haveria divisão em classes e inexistiria a propriedade privada, mesmo que do Estado. Se não existe a propriedade privada, a sociedade comunista seria verdadeiramente igualitária uma vez que não haveria mais a exploração do homem pelo próprio homem.

Para Marx e Engels os conceitos de luta de classes e o materialismo histórico-dialético encontravam a sua comprovação na averiguação das condicionantes históricas e sociais, portanto, deveriam acontecer inevitavelmente. Os trabalhadores deveriam se organizar e criar a consciência de classe, assim, materializando as condições necessárias para se alcançar a ditadura do proletariado, etapa que instalaria o socialismo, condição indispensável para se chegar ao coomunismo.





Capitalismo
Governantes - "Nós dominamos vocês!"
Igreja - "Nós enganamos vocês!"
Militares e/ou policiais - "Nós atiramos em vocês"
Burguesia - "Nós comemos por vocês!"
Plebe - "Nós trabalhamos por todos, nós alimentamos todos!..."

Abaixo uma charge que ilustra a teoria de mais-valia de Marx.

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