No final da década de 1920, a economia norte-americana mostrava sinais que a levariam a um grande colapso. A Europa já tinha se recuperado da guerra e como consequências diminuíram drasticamente as importações de produtos americanos.
Como consequência ocorreu o aumento dos estoques e com ele uma grande desconfiança em relação ao futuro dessas empresas, levando muitas pessoas a tirarem o dinheiro investido nessas empresas, gerando desemprego. O desemprego, por sua vez, intensifica a crise, na medida em que reduz o consumo. Assim, as ações que eram negociadas na Bolsa de Valores, e que estavam inflacionadas com a euforia da década de 1920, simplesmente se esvaíam. Foi exatamente isso que aconteceu, só que numa proporção gigantesca, ocasionando uma grande desvalorização das ações e a quebradeira geral das empresas e indústrias.
Deve-se destacar que desde a Primeira Guerra Mundial se desenvolveu entre os americanos o hábito de adquirir os “bônus da liberdade”, que eram uma forma de investimento da população para contribuir com o esforço de guerra. No pós-guerra a população continuou investindo, com a diferença de que esses investimentos se destinavam ao setor privado. Existia entre a população um verdadeiro “frenesi especulativo”. Essa ideia de rápido e fácil acesso ao enriquecimento pode ser facilmente constatada na origem dos investimentos. Durante a década de 1920, quase metade do que era investido na Bolsa de Valores, era proveniente de empréstimos, ou seja, pessoas que especulavam na Bolsa em busca de dinheiro rápido, inclusive, para pagar o que haviam emprestado. Havia ainda um artifício comumente utilizado, onde o investidor precisava pagar de imediato somente 10% das ações adquiridas.
A busca incontrolável por ações empurrava artificialmente os valores das ações a níveis estratosféricos: somente em 1928, crescimento de 50% nas ações negociadas na Bolsa de Valores. Todo esse “frenesi especulativo” acabou vindo à tona quando se percebeu a iminência do desastre financeiro.
No dia 23/10/1929 em menos de uma hora foram vendidas mais de 2,5 milhões de ações. No dia seguinte (no dia 24, a Quinta-Feira Negra), quando as pessoas chegaram para vender suas ações simplesmente não existia mais ninguém disposto a comprar e os preços das ações despencaram.
“Como fazia toda quinta-feira, naquela manhã de outubro de 1929 o mítico bilionário do petróleo John Rockefeller encontrou seu engraxate, com quem gostava de conversar sobre trivialidades. Enquanto lustrava o couro, o garoto olhou para o homem mais rico do mundo e disparou: “Fiquei sabendo de uns papéis que vão subir pra valer, senhor”. Rockefeller dobrou o jornal, fitou o guri e, ao voltar ao escritório, vendeu boa parte de seus papéis na Bolsa de Valores de Nova York. “Se o menino que lustra seus sapatos sabe tudo sobre o mercado, então algo muito errado está acontecendo”, afirmou.” (Aventuras na História - ed. 60 - julho de 2008)
Para tentar reverter o quadro negativo, os grandes investidores de Wall Street passaram a comprar ações de grandes empresas americanas, na tentativa de reaquecer o mercado e evitar o colapso financeiro norte-americano.
Com a desconfiança, falta de ânimo e de créditos, a tentativa dos grandes investidores somente adiou o colapso final para o dia 29 de outubro, quando o valor das ações definitivamente despencou.
“Em 29 de outubro, 10 bilhões de dólares foram eliminados do valor das maiores companhias americanas, o dobro do total de dinheiro em circulação nos Estados Unidos na época e quase tanto quanto a América havia gasto para financiar sua parte na Grande Guerra.” (EVANS, Richard J. A chegada do Terceiro Reich. São Paulo: Planeta, 2010)
Como boa parte das compras de ações eram feitas a partir da especulação e de empréstimos, as pessoas passaram a acumular grandes perdas, impossíveis de serem compensadas. Os credores passaram a exigir maiores garantias, e na impossibilidade desses pagamentos as pessoas perdiam todas as ações e todos os investimentos que tinham realizado.
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