Guerra Fria (6 de 9) - A Revolução Cubana e a Crise dos Mísseis (1962)


Cuba, a maior das ilhas caribenhas, era uma colônia espanhola até 1898, quando conquistaram a sua independência com o auxílio dos Estados Unidos. Contudo, se os cubanos haviam se livrado da Espanha, passaram a sofrer a influência estadunidense, que obrigou Cuba a assinar em 1901 a chamada Emenda Platt, que dava aos norte-americanos e direito de intervir militarmente na ilha, aumentando as possibilidades de controle das principais atividades econômicas do país.

Em 1956, Fidel Castro, um jovem cubano e advogado, líder do Movimento Revolucionário 26 de julho, em colaboração com outros 80 homens, entre eles o médico argentino Ernesto Guevara, tentam desembarcar em Cuba com a finalidade de derrubar o governo ditatorial de Fulgêncio Batista.
 
Recebidos pelo exército cubano, os revoltosos são massacrados, sendo que apenas 12 conseguem escapar. Os sobreviventes passaram a se esconder nas montanhas e receber ajuda das classes sociais cubanas insatisfeitas, em especial os movimentos de esquerda. Com inúmeras adesões, gradativamente os MR-26 foi ampliando a sua capacidade e dominando vastas regiões do país. Em 1959 estava forte o suficiente para entrar em Havana colocando fim ao governo de Batista. Concedendo benefícios sociais como a reforma agrária e limitando a posse de terras somente aos cubanos, imediatamente Fidel ganhou a animosidade dos Estados Unidos, e a relação se tornaria cada vez menos amigável.

Logo após a revolução, Fidel busca uma aproximação com a URSS e trata de estabelecer acordos comerciais. Em resposta, os Estados Unidos reduzem a importação do açúcar cubano e sabotam usinas. Mas a irritação estadunidense chegaria ao ápice com a explosão de uma bomba no porto de Havana matando uma centena de cubanos.

Em represália ao atentado orquestrado pela Agência Central de Inteligência (CIA) Fidel nacionaliza inúmeras empresas norte-americanas. Os Estados Unidos, por sua vez, dão início a um duríssimo embargo econômico, e em 1961, um dia após Fidel declarar a opção de Cuba pelo socialismo, tenta efetivamente derrubar o governo cubano, com uma operação coordenada pela CIA que contava com 1500 homens (a maioria deles antigos oficiais do exército de Batista). A invasão acabou se mostrando um grande fracasso, com dezenas de mortos e mais de 1000 insurgentes presos.

A tentativa de invasão americana aproximou ainda mais Cuba da URSS. Se não bastasse isso, em 1962 a URSS foi flagrada construindo 40 silos nucleares em Cuba, numa das mais ousadas ações de toda a Guerra Fria. Deve se destacar, que se levarmos em conta todo o aparato de espionagem dos norte-americanos, espanta a demora, omissão ou ingenuidade da CIA e dos Estados Unidos em relação à instalação dos mísseis. Apesar do próprio Kruchev, que era o então grande timoneiro russo afirmar dias antes que a Rússia não tinha a pretensão de apontar qualquer tipo de armamento para o território norte-americano, havia claros sinais de que algo de muito suspeito estava acontecendo na ilha de Fidel. O fato é que ogivas nucleares estavam sendo desembarcadas na ilha de Cuba.

No dia 16 de outubro, após ser descoberto por aviões de espionagem dos Estados Unidos, que fotografaram as rampas de lançamento de mísseis, Kruchev passou a afirmar que a medida era puramente defensiva, para evitar que os EUA tentassem invadir Cuba novamente. Porém, sabia-se que a URSS queria responder a instalação de mísseis dos EUA na Turquia, que poderiam ser utilizados para bombardear o território soviético, além de equilibrar a Guerra Fria e a corrida armamentista, que apesar de alguns sucessos pendia claramente para o lado dos Estados Unidos.

Seguir-se-ia dias extremamente tensos, onde os dois grandes líderes travariam um duelo em que qualquer precipitação ou medida extremada poderia detonar os dois maiores arsenais nuclear do mundo. Tomado conhecimento da instalação dos mísseis em Cuba, o então presidente Kennedy ordena um bloqueio com navios de guerra americanos à Ilha de Cuba. Esse bloqueio transformou-se no ponto de maior tensão da década de 1960. A URSS mantinha o argumento de que não havia nada de errado em instalar mísseis em Cuba, uma vez que os EUA haviam instalado seus mísseis na Turquia.

O perigo de uma guerra era iminente, e para uma solução pacífica, cada um dos lados teria que ceder. Kruchev foi o primeiro a assinalar a possibilidade de um acordo, mandando uma mensagem no dia 26 de outubro prometendo que retiraria seus mísseis com a condição de que os EUA não invadissem Cuba.

Quando Kennedy já dava o acordo como certo chega outra mensagem de Kruchev, ríspida e com a exigência da retirada dos mísseis da Turquia. No mesmo dia 27 dois aviões espiões americanos U-2 foram abatidos no espaço aéreo cubano, matando um piloto americano. No mesmo dia, um navio mercante soviético chegaria ao Caribe e tentaria passar pelo bloqueio.

O que parecia praticamente resolvido tomava ares dramáticos. Pressionado, Kennedy ordena que os militares preparem o ataque a Cuba para a manhã seguinte. Ao fim do dia, Kennedy resolve tentar uma última estratégia: simplesmente fingir que a segunda mensagem de Kruchev não havia chegado, ou seja, manter a resolução do conflito a partir da primeira proposta.

Na manhã do dia 28 de outubro, depois de 11 dias de extrema angústia o líder soviético enfim divulga na Rádio Moscou a sua decisão de retirar os mísseis de Cuba, colocando fim no pior de todos os momentos que pareciam precipitar todos os temores sintetizados por Albert Einstein: “Não sei como será a Terceira Guerra Mundial, mas poder-vos-ei dizer como será a Quarta: com paus e pedras”.


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