Os Gregos Antigos (2 de 6) - Tempos Homéricos (1100 – 800 a.C.) e a Grécia Arcaica (800 – 600 a.C)


Tempos Homéricos (1100 – 800 a.C.) 


Como se pode perceber a atribuição do título “Período Homérico” se deve a figura de Homero e as obras Ilíada e Odisséia, comumente atribuída à sua autoria. 

Com a invasão dos dórios (e um retrocesso em relação às conquistas obtidas pela civilização micênica) ocorreu uma diáspora dos gregos por outras regiões, inclusive com o desaparecimento de cidades como Micenas, que se transformaram em ruínas. 

Desta forma uma das características desse período é a formação de grupos familiares que se dedicavam a economia de subsistência, as chamadas comunidades gentílicas, os genos, ou conhecidos, também, como oikos. 

O oikos compreende a unidade familiar em seu caráter econômico, produtivo, familiar e todo e qualquer aspecto estrutural que tivesse por função garantir a sobrevivência do grupo (não é sem motivo que a palavra “economia” deriva de oikos). 

Quem exercia a liderança, controlava e aplicava as leis baseadas nos costumes dentro do oikos era a figura do pater (líder do grupo), que na maioria das vezes era um chefe guerreiro. Em termos estruturais o oikos era formado pela família, recursos físicos e materiais como a casa, campos de cultivo, os animais, etc. 

Com o tempo, os laços de parentesco e fidelidade unidos à carência de alimentos fizeram com que houvesse disputas entre os diferentes genos, sendo que alguns se uniram estabelecendo um poder forte o suficiente para fazer valer seus interesses. Esse fato teve consequências importantes, entre elas a apropriação das melhores terras pelos parentes próximos do pater, acentuando a seguinte hierarquia social: 

Eupátridas (bem-nascidos) que ficaram com as melhores terras. 

Georgoi (agricultores) que ficaram com alguma terra, mas não as melhores. 

Thetas (marginalizados) que, logicamente, ficaram sem nada. 

Grécia Arcaica (800 – 600 a.C.) 

A união dos genes facilitou o surgimento das primeiras cidades-estados, ou pólis – o que marca o início do Período Arcaico – que compreende uma cidade e um campo ao redor, unidos por costumes e culto às mesmas divindades. 

As polis gregas eram diferentes entre si, mas de uma forma geral todas tinham algo em comum: a ágora e a acrópole. 

A ágora era a praça central onde os indivíduos se reuniam para discutir os assuntos importantes da vida de todos. É entre os gregos que surgiu a ideia de cidade como uma comunidade política, ou seja, é na cidade que todos os indivíduos convivem e onde acontecem as discussões que decidem o destino de todos. Não a toa que a palavra politike (ou política) deriva exatamente de polis, e revela a ideia de pertencimento a uma comunidade, a um conjunto de pessoas que decidem o destino coletivamente. 

A acrópole, por sua vez, era o conjunto de edificações – normalmente os templos e casas dos nobres – construídas no alto de uma colina. 

Se, por um lado, na ágora que se discutiam os assuntos importantes da pólis, isso não significa que todos os indivíduos da polis poderiam fazer isso. No caso de Atenas, por exemplo, mulheres, estrangeiros (que eram chamados de metecos), escravos e comerciantes não eram considerados cidadãos. Para melhor compreender essa questão, deve-se perceber qual era a concepção de trabalho entre os gregos. 

Entre os gregos, o trabalho era tido como a expressão da miséria humana, portanto, desprezado. Para famosos pensadores como Aristóteles e Platão o trabalho estava ligado com o campo da necessidade, como, por exemplo, alimentar-se e cobrir-se. Tratava-se de uma nítida separação entre o mundo do "labor", da "necessidade" e o mundo regido pela "razão". Assim, a atividade digna dos homens livres era o "ócio". Neste sentido, a noção de cidadania grega estava intimamente ligada com o trabalho, ou seja, somente as pessoas que não precisassem trabalhar, ou ocupar-se das atividades ligadas ao campo da necessidade, poderiam de fato se considerar cidadãos plenos e participar ativamente da politike, isto é, dos assuntos da pólis. 

O problema é que para poder se dedicar a essa atividade os gregos necessitavam de outros indivíduos executando o trabalho braçal, e estes indivíduos na maioria das vezes eram escravos – inclusive, por dívidas. 

A expansão das cidades gregas 

A disputa por terras e a carência de alimentos nas cidades gregas favoreceu, por meio da migração e novas colonizações, a criação de novas cidades-estados (mais de uma centena) por todo o Mar Mediterrâneo. Muitas vezes essa colonização era iniciativa da própria cidade-estado, que tratava com isso, de reproduzir na nova pólis os costumes, hábitos, e culto às divindades que existiam na pólis colonizadora. Isso contribuiu para que as pólis gregas mantivessem uma unidade cultural e linguística, mesmo sendo autônomas. 

Inicialmente, quem governava a polis era um rei, denominado basileu. Posteriormente se estabeleceram governos oligárquicos ou aristocráticos. 

Oligarquia (poder de poucos) – trata-se de um governo comandado por poucas pessoas, geralmente da mesma família ou classe social. 

Aristocracia (poder dos melhores) – o poder está nas mãos de um grupo de privilegiados, por isso a expressão “poder dos melhores”. 

Mas foi na cidade de Atenas que surgiu o modelo político que influencia boa parte do mundo nos dias de hoje: a democracia.

Ruínas da Ágora de Atenas.

Ruínas da Acrópole de Atenas.

Imago História

Um comentário: