Em 1967 assume o poder o general Artur da Costa e Silva (1967-69). Durante o governo de Costa e Silva, vários setores e personalidades da política brasileira, inclusive, muitos que haviam apoiado o golpe, começam a se mobilizar contra o Regime Militar.
Entre essas mobilizações ocorreu até mesmo uma tentativa de articulação de três grandes nomes da política nacional: João Goulart, JK e Carlos Lacerda (Frente Ampla). A tentativa de articulação foi imediatamente colocada na ilegalidade, contudo, as manifestações continuaram em ritmo crescente no ano de 1968 com ampla participação dos jovens que adotaram lemas como “é proibido proibir”.
O confronto entre estudantes e militares se ocorreu em março de 1968, quando estudantes protestavam pela melhoria da comida servida na restaurante Calabouço, ligado a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ocorreram choques com a polícia e Edson Luís, um jovem de 17 anos, morreu baleado. Foi o início de uma onda de protestos. Nos dias 19, 20 e 21 de junho o Rio de Janeiro assistiria a um grande combate entre militares e opositores, especialmente os estudantes, com batalhas que duraram horas, em especial na sexta-feira sangrenta, dia 21/06.
A morte de manifestantes mobilizou a classe média, que começou a tomar uma posição mais crítica em relação ao regime militar. Costa e Silva perdeu parte do apoio da mídia. Nesse contexto ocorreu à famosa Passeata dos Cem Mil, em julho de 1968, que reunia artistas (como Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano Veloso e Gilberto Gil), estudantes e amplos setores da classe média.
Em outubro do mesmo ano, novamente os estudantes confrontariam a ditadura na organização clandestina (ou nem tanto assim) do Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) realizado em Ibiúna. Descoberto, a polícia invadiu o local e prendeu inúmeros estudantes, entre eles José Dirceu (figura que se destacaria posteriormente na política nacional).
Para alguns militares ficava claro que o Brasil estava sofrendo com a ameaça de ideias subversivas e era necessário, portanto, endurecer o regime.
A partir de 2 de setembro de 1968 é lançado uma campanha para boicotar o desfile de sete de setembro, onde se apela até mesmo para que as moças brasileiras recusarem-se a manter relações afetivas com os oficiais.
A resposta dos militares a pressão dos estudantes e da sociedade ocorreu por meio da promulgação do famigerado AI-5, que entre outras regras, estabeleceu:
- Direito de cassação de mandatos políticos.
- Possibilidade de fechar o Congresso Nacional (o que efetivamente aconteceu imediatamente) as Assembleias Estaduais e Municipais.
- Intervir nos Estados e Municípios.
- Suspender direitos políticos de qualquer cidadão.
- Decretar o confisco de bens.
- Decretar estado de sítio.
- Suspender o habeas-corpus.
- Aplicação de pena de morte e de prisão perpétua para crimes políticos.
- Possibilidade de retirar a autonomia do Poder Judiciário.
- Censura e controle da produção cultural.
A ditadura tornava-se “escancarada”, dando lugar aos chamados anos de chumbo, que entre outras características foram permeados pela:
- Redução quase a zero da possibilidade de oposição.
- Extrema truculência comandada pelos militares.
- Formação de guerrilhas urbanas e rurais.
- Ampliação dos aparelhos repressores com a articulação do Departamento de Operações Internas e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).
- Criação de grupos paramilitares de direita, como sustentáculo do regime e caça aos inimigos e comunistas, entre eles o Comando de Caça aos Comunistas, os Esquadrões da Morte e a chamada Operação Bandeirantes (Oban).
- Censura ou adaptação da imprensa aos novos tempos, com demissões de jornalistas e adoção de uma postura mais favorável aos militares.
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