A censura e a repressão imposta pelo regime militar levou quase a zero as possibilidades de oposição ao regime. Essa situação fez com que muitos militantes que lutavam contra a Ditadura optassem pela radicalização. Empolgados com a Revolução Cubana a luta armada vai surgir como a grande estratégia para por fim a ditadura militar.
Assim, as organizações revolucionárias se multiplicaram rapidamente. Muitos acreditavam na ideia de que pequenos focos guerrilheiros pudessem disseminar a revolução pelo país, mobilizando os trabalhadores em favor da causa revolucionária.
Para financiar seus intentos revolucionários os militantes precisavam buscar recursos financeiro. Com esse objetivo, as guerrilhas começaram a atuar nos centros urbanos efetuando assaltos a bancos e carros-fortes, realizando “expropriações” em nome da revolução.
Efetivamente, a guerrilha não tinha muitas condições de acabar com a Ditadura Militar, e a população brasileira – inclusive, em face do milagre econômico – não mostrava a empolgação necessária par uma revolução, ou sequer entendia o que isso significava. Ao contrário, muitas vezes permanecia a imagem em especial da “revolução socialista” ligada à subversão e ameaça a integridade da família e à pátria. Entre os grupos guerrilheiros que se formaram no Brasil pode-se destacar:
- Ação Libertadora Nacional (ANL).
- Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
- Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).
- Vanguarda Armada Revolucionário Palmares (VAR-PALMARES).
Como resposta à guerrilha, os militares passaram a ampliar a utilização da repressão, em especial com o DOI-CODI e o DOPS, com tortura nos porões do regime.
Pode-se dizer que a tortura começou no momento da instauração do golpe militar em 1964. A primeira vítima foi o líder comunista Gregório Bezerra, que foi espancado, teve os pés queimados com soda cáustica, teve suas mãos amarradas e foi arrastado pelas ruas de Recife. Após o golpe os presos políticos eram conduzidos ao navio Raul Soares, que funcionava como uma prisão flutuante. Dentro navio havia três calabouços, o primeiro ficava ao lado da caldeira, sem ventilação e com temperaturas que passavam dos 50º; o segundo mantinha os prisioneiros com água gelada pelos joelhos; o terceiro ficava no local de despejo de excrementos do navio.
Entre os métodos de tortura utilizados (muitos deles introduzidos por agentes norte-americanos) alguns chamam a atenção por sua extrema brutalidade:
Pau-de-arara – Utilizado desde a época da escravidão, o prisioneiro era despido e colocado em uma posição na qual abraçava os joelhos, com os pés e as mãos amarradas. Uma barra de ferro era colocada entre os punhos e os joelhos e o prisioneiro era suspenso. A posição causava dores terríveis, que eram mescladas a outros tipos de tortura, como choques, queimaduras, espancamentos, etc.
Cadeira do Dragão – Tratava-se de uma cadeira elétrica que transmitia choques a vários pontos do corpo do prisioneiro. Algumas vezes colocavam-se baldes de metal na cabeça da vítima com a função de maximizar os choques.
Choques Elétricos – Choques elétricos acionados por uma manivela gerando descargas elétricas de várias intensidades, podendo ser desferidos em várias partes do corpo, mas as preferidas pelos torturadores eram os órgãos sexuais, ouvidos, dentes, língua e dedos. As máquinas utilizadas para os choques elétricos receberam o nome de “maricota” e “pimentinha”.
Balé no Pedregulho – Despido o prisioneiro era colocado em um local com temperaturas baixíssimas e sob um chuveiro com água gelada. O piso do local continha pedregulhos pontiagudos que perfuravam os pés da vítima, que para aliviar a dor tinha acabava pulando continuamente.
Telefone – Golpe com as duas mãos extremamente violento nos ouvidos da vítima, rompendo os tímpanos.
Afogamento – A cabeça do torturado é mergulhada em um recipiente cheio de água, ou outras substâncias como urina e fezes, ou mesmo água apodrecida. Dependendo da substância utilizada deixava-se o prisioneiro vários dias sem tomar banho, tornando o cheiro insuportável. Existiam várias outras formas de afogamento, como, uma delas consistia no fechamento das narinas pelo torturador e a introdução de um tubo de borracha dentro da boca, obrigando o torturado a engolir água.
Outras vezes, os torturados obrigavam suas vítimas a ingerirem líquidos diversos, como, por exemplo, a urina (mamadeira de subversivo).
Soro da Verdade – Droga que produz sonolência e leva a pessoa a falar o que normalmente, em estado de sobriedade jamais falaria.
Mulheres e crianças também foram torturadas pelo regime. As mulheres eram muitas vezes estupradas e sofriam todos os tipos de humilhação e violação do corpo, inclusive, levando a abortos e mortes.
Para se esconder os mortos da ditadura, utilizavam-se laudos falsos, supostos atropelamentos e tiroteios com a polícia, além das mortes naturais e dos suicídios. Muitas vezes, os mortos eram enterrados como anônimos e as famílias em várias situações jamais souberam o que aconteceu com seus familiares.
Para combater a ditadura a libertar os companheiros presos, a guerrilha começou a efetuar ações extremamente ousadas, como o sequestro do embaixador dos EUA, da Alemanha e da Suíça, além do cônsul japonês. O objetivo era trocar os sequestrados por presos políticos e guerrilheiros.
Essas ações tornaram a repressão ainda mais dura, e em poucos anos a guerrilha acabou trucidada pela máquina repressora da Ditadura. Estima-se que de algo em torno de 800 guerrilheiros engajados no combate a ditadura, metade tenho sido assassinada.
0 Comentários