Apesar de Cabral ter desembarcado
na América em 1500, não existiu uma efetiva colonização do território nas
primeiras décadas do século XVI por parte dos portugueses. Para explicar essa
não colonização imediata podem-se destacar ao menos dois fatores: em primeiro
lugar, se na América espanhola os colonizadores encontravam desde o início da
conquista a possibilidade da exploração de metais preciosos o mesmo não aconteceu
na América portuguesa; como segundo elemento, devemos lembrar que os
portugueses estavam mais interessados no lucrativo comércio de especiarias com
o Oriente.
Contudo, se por um lado não se estabeleceram
os elementos que caracterizam uma colonização efetiva, por outro, os
portugueses encontraram algo que poderia ser explorado com grande sucesso: o
pau-brasil.
Originalmente chamado pelos tupis
de “ibirapitanga”, o pau-brasil dominava boa parte da faixa litorânea do
Brasil. Podendo alcançar até 15 metros, a madeira era utilizada para construção
de móveis, navios, e para a extração de uma resina avermelhada utilizada para a
produção de correntes de tecidos.
“Calcula-se que na
época existiam 70
milhões de espécimes logo dizimados pelo extrativismo
feito à base do escambo e a partir do trabalho da população nativa. Já nos anos
900 d.C. o produto podia ser
encontrado nos registros
das Índias Orientais,
em meio a
uma série de
plantas que possibilitavam a
produção de um corante vermelho. Tanto a madeira como
o corante eram
conhecidos por diferentes nomes — “brecillis”, “bersil”,
“brezil”, “brasil”, “brazily” —, sendo
todos derivados do
nome latino “brasilia”,
cujo significado é “cor
de brasa” ou
“vermelho”.”
Interessada nos lucros provenientes da madeira, a
coroa portuguesa imediatamente decretou o monopólio da exploração, concedendo
licenças para o comércio, donde aferia grandes lucros. O primeiro a receber uma
concessão para a exploração da madeira foi Fernando de Noronha, que junto com o
direito de exploração recebeu uma ilha que mais tarde seria convertida em uma
das Capitanias e receberia o seu nome.
Os indígenas eram responsáveis
pelo corte e pelo transporte das toras até os navios portugueses que ficaram
ancorados; em compensação pelo trabalho que efetuavam, os indígenas recebiam
por meio do escambo objetos, como espelhos, colares, facas, machados, pedaços
de tecidos. De forma extremamente predatória, calcula-se que por ano eram extraídas
cerca de 300 toneladas de pau-brasil. Com a introdução do produto na Europa aos
poucos o termo “Brasil” passou a ser utilizado para se referir a América
portuguesa.
Deve-se destacar, que muito mais
que quinquilharias, os objetos trocados com as populações locais diziam
respeito a avanços tecnológicos fantásticos para os povos indígenas. Uma
machadinha europeia era para um indígena um instrumento fascinante, uma aquisição
tecnológica sem precedentes. Mesmo a domesticação de animais não era algo
comum entre os povos indígenas. Se a exuberância da flora e fauna brasileira
certamente causou perplexidade nos europeus, igualmente é verdade que um
cachorro – domesticado a milhares de anos por asiáticos e depois europeus –
também causou assombro e grande interesse por parte dos indígenas.
Apesar de não se comparar com o
extraordinário lucro que os portugueses conseguiam com o comércio com as Índias
Orientais, a extração do pau-brasil foi em uma atividade importante nos
primeiros tempos de exploração da América portuguesa. Prova disso é a tentativa
da França estabelecer relações com os indígenas da América do Sul e explorar a
madeira.
As imagens abaixo ilustram a exploração do pau-brasil. Na primeira temos um mapa da América portuguesa, de 1519, ilustrando a exploração da madeira. Na segunda gravura de André Thevet de 1575, além da exploração da madeira, pode se ver uma aspectos da fauna e flora.
2 Comentários
muito legal
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